Anais do 5º SLIJ Seminário de Literatura Infantil e Juvenil - Letramento literário e Diversidade, p.164-172 • por Carolina Hessel Silveira A presença da música e a cultura surda na literatura infantil
O que é a música para surdos? Qual sua representação e significado para os sujeitos e personagens surdos? Podemos ver que vários trabalhos têm sido feitos sobre representações de surdos em livros de literatura infantil, filmes, matérias de jornal etc. Esses artefatos trazem pedagogias culturais, pois eles ensinam sobre os surdos, sobre sua língua, sua cultura. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é fazer uma análise de três livrosrecentes de literatura infantil que apresentam personagens surdos. Trata-se de O canto de Bento e de Família Sol, Lá, Si... ambos da autora Márcia Honora, editora Ciranda Cultural, ano 2008, eO Silêncio de Júlia, dos autores Pierre Coran e MélanieFlorian, editora FTD, ano 2011. Para isso, busca-se base teórica nos Estudos Culturais e nos Estudos Surdos, especialmente nos conceitos de pedagogias culturais, cultura surda, língua de sinais, e nos inspiramos em análise de outros livros sobre surdos (SILVEIRA, 2004). Os livros da autora Márcia Honorautilizam personagens animais e outros autores, Pierre Coran e MélanieFlorian, apresentam personagens humanos. Neles podemos ver o enredo e a forma como os personagens surdos são representados. A análise mostra que, nas histórias trazidas com personagens surdos, existe ênfase na música, com fatos inverossímeis, e um deles mostra uma visão clínica da surdez. Questiona-se a relação entre a música e a cultura surda nesses livros. Conclui-se que há pouco reconhecimento da Cultura Surda nas histórias infantis e a presença de um ponto de vista dos ouvintes para criar histórias infantis com personagens surdos.
Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.4, n.2, p.177-184, jul.-dez. • por Carolina Hessel Silveira Filmes sobre Surdos: que representações de surdos e de língua de sinais eles trazem?
Este artigo apresenta uma análise de dois filmes que tematizam a surdez e que não foram até o presente investigados no espaço acadêmico brasileiro. Trata-se de O Martírio do Silêncio (Mandy, 1952) e de Palavras do Silêncio (After The Silence, 1996). A análise fundamenta-se nos Estudos Culturais e nos Estudos Surdos, especialmente nos conceitos de pedagogias culturais, cultura surda, identidades surdas, língua de sinais, bem como na análise de outros filmes sobre surdos, realizada por Thoma (2004). Ambos os filmes pertencem ao gênero drama e buscou-se analisar a forma como os personagens surdos são representados, destacando-se algumas cenas em que a problemática surdo x sociedade ouvinte é mostrada. No desfecho desses filmes, as personagens surdas conseguem oralizar. A partir disso, pode-se perguntar qual é o resultado pedagógico de tais filmes, ao mostrarem a oralização como uma conquista após o uso de Língua de Sinais. Assim, representações de surdos, educação de surdos e língua de sinais estão presentes em ambos os filmes, ainda que haja diferenças de abordagem entre eles.
2014 • Educar em Revista, Curitiba, Brasil, Edição Especial n. 2/2014, p.93-109 Humor na literatura surda
Resumo do Artigo Científico
Educar em Revista, Curitiba, Brasil, Edição Especial n. 2/2014, p.93-109 • por Carolina Hessel Silveira Humor na literatura surda
O artigo situa-se no contexto das atuais investigações no campo da educação de surdos, que, a partir de mudanças da legislação e do reconhecimento político da diferença linguística e cultural das comunidades surdas, vêm focalizando o estudo de produções culturais desses grupos. Seu objetivo é apresentar um recorte introdutório de estudo do humor em língua de sinais brasileira (Libras), especificamente a partir da análise de piadas que circulam nas comunidades surdas. Considerando a literatura como objeto estético e como construção intertextual, propõe-se a análise de uma piada circulante em Libras, em cinco versões diferentes. Conclui-se que o humor privilegia temas socialmente controversos e as diferentes versões da piada Leão Surdo aborda a diferença linguística e cultural, a inversão de olhares, através de cenas que apresentam as vantagens de ser surdo, a comunicação com ouvintes, bem como a língua de sinais como conhecimento determinante para o final (in)feliz da história. O inesperado acontece: o violinista é devorado, pois a técnica – musical e auditiva – empregada para fazer leões adormecerem não funciona com o leão surdo. No entanto, em uma das versões dessa piada, quando o violinista usa a língua de sinais, o leão surdo adormece e a vida do violinista é preservada, graças ao conhecimento da língua de sinais.