Cadernos de Tradução (UFSC), v. 26, p. 207-236 • por Gisele Iandra Pessini Anater Matos Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais: história, experiência e caminhos de formação
Este artigo objetiva apresentar o Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais – TILS – a partir de reflexões atuais e de concepções que têm atravessado os tempos acerca da sua constituição como profissional. Mesmo que situemos os intérpretes de línguas orais e os de língua de sinais na mesma linha cronológica, faz-se necessário observar as significativas diferenças entre os dois, as quais são claramente observadas durante o desempenho de suas funções. Com base em Rodrigues e Burgos (2001) e nas experiências vividas pelos TILS brasileiros, apresentamos um quadro e realçamos as características que diferem o profissional que trabalha especificamente com línguas orais daquele sobre o qual objetivamos falar. Ainda que tenha que se expor, em função da modalidade lingüística da língua sinalizada, a competência do TILS parece ainda invisível, o que o afasta do almejado reconhecimento. É muito comum que seja entendido como colaborador ou facilitador da comunicação apenas, mas a sua constituição vai muito além das suas funções. Ao ter de lidar com as peculiaridades da língua de sinais precisa adquirir alguns de seus elementos fundamentais, além de ter de viver nas fronteiras das culturas de maneira exaustiva, e carregar responsabilidades que são vistas em si e na construção da sua subjetividade. Através de questionamentos direcionados aos que atuam nessa área destacamos as dificuldades encontradas com base nas suas experiências com a língua, com a prática da tradução e da interpretação, sobretudo, com a comunidade surda. Destacamos os caminhos de formação que têm percorrido com o objetivo de se constituírem como profissionais e garantirem sua visibilidade.