Susana Teresa C. Almeida Santos Rebelo nasceu em Lisboa e é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, pela Universidade Autónoma de Lisboa. Iniciou a sua atividade docente na Casa Pia de Lisboa em 1991 e posteriormente realizou uma Pós-Graduação em Formação de Formadores, no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Em 2005, especializou-se na área da Surdez, realizando uma Pós-Graduação e Formação Especializada em Educação de Crianças e Jovens Surdos, na Universidade Moderna de Lisboa. O seu trabalho final de Especialização, A Análise da Coesão Sequencial da Narrativa na escrita de alunos surdos, foi publicado em 2006. Dois anos mais tarde, concluiu o Curso de Mestrado em Língua Gestual Portuguesa e Educação de Surdos, na Universidade Católica Portuguesa.
Desde 2002, altura em que enveredou pelo ensino da Língua Portuguesa a jovens surdos, no C.E.D Jacob Rodrigues Pereira, que tem colaborado em trabalhos de investigação nesta área e que é docente da disciplina de Português dos Ensinos Básico e Secundário na referida escola.
XII Congresso Internacional, XVIII Seminário Nacional do INES • por Susana Rebelo Abordagens de Ensino de Português L2 para Surdos
De todas as questões que se colocam relativamente à educação de surdos, é o ensino-aprendizagem da língua escrita, língua da comunidade ouvinte do país e segunda língua do sujeito surdo, que, sem dúvida, se constitui como principal problemática que, por ser transversal a todas as outras áreas escolares, e fulcral na vida social e profissional do surdo, se pretende ver debatida e amplamente analisada.
O presente artigo tem como objetivo fazer uma breve descrição do Programa de Português Língua Segunda para Alunos Surdos, documento homologado em 2011, e que se institui como o eixo norteador das práticas docentes da disciplina de Português, língua segunda para alunos surdos, em Portugal. Apresenta-se também uma reflexão sobre o tema central, partindo da caraterização da população escolar surda do CED Jacob Rodrigues Pereira e propõem-se linhas de atuação, tendo em conta as atuais necessidades da didática desta disciplina, no contexto português, para os ensinos Básico e Secundário.
XII Congresso Internacional, XVIII Seminário Nacional do INES • por Susana Rebelo A Escrita em Diferentes Contextos
Tendo como pano de fundo a problemática do ensino e práticas da escrita a alunos surdos, este artigo procura, num primeiro momento, contextualizar o tema no cenário educativo português. Em seguida, à luz da filosofia educativa de cariz bilingue vigente em Portugal, fazemos emergir as propostas de produção escrita relativas ao 3ºciclo e ensino secundário 1 que estão contempladas no Programa de Português L2 para Alunos Surdos, documento estruturante e normativo mais atual para o ensino desta disciplina curricular.
Por fim, decorrente do enquadramento teórico efetuado anteriormente e da nossa prática, enquanto professora de Português L2 de jovens surdos, sugerimos algumas linhas de atuação na área da didática da escrita a esta população escolar. Estas propostas passam fundamentalmente pela adoção mais consistente de uma metodologia de segunda língua; pela instituição de momentos mais frequentes de prática de escrita dentro e fora da sala de aula partindo, sempre que possível, de experiências de vida do aluno; pela aproximação dos textos que o aluno surdo produz daqueles que circulam e são necessários na vida em sociedade.
Consideramos também que importa redefinir o papel do professor de LP2 na dinâmica de escrita, requerendo que ele se assuma como mediador e interlocutor in praesenti, que promova práticas de escrita cooperada com o aluno, permitindo a negociação de sentidos dos textos, envolvendo o aluno e tornando-o mais participativo na correção e retextualização dos seus escritos. Estes modelos de atuação sustentam-se teoricamente nas propostas de Niza 2 e de Sim- Sim 3 para o ensino da língua escrita.
Universidade Católica de Lisboa, Dissertação de Mestrado • por Susana Rebelo Poesia em Língua Gestual Portuguesa: Estudo da Metáfora
Este é um estudo descritivo realizado no âmbito do curso de mestrado em Língua Gestual Portuguesa (LGP) e Educação de Surdos, e teve como principal objetivo estudar a metáfora e a sua recorrência no contexto da poesia em LGP. Da análise de um corpus constituído por sete poesias elicitadas em LGP e recolhidas em vídeo foi possível constatar que a metáfora é um recurso estilístico de recorrência e, os dados permitem-nos ainda destacar três tipos de construção metafórica: metáforas explícitas, metáforas implícitas e poemas como superestruturas metafóricas. Para a identificação de metáforas implícitas, i.e, as que são ancoradas na iconicidade dos articuladores de alguns gestos da LGP, adotámos o modelo de Projeções Duplas do estudo de Taub 1. Este trabalho teve também o suporte teórico dos estudos de Blondel 2, Sutton-Spence 3 e Wilcox 4. Os resultados deste estudo, ainda que circunscrito, sugerem que a elaboração poética em LGP subentende uma riqueza e versatilidade ao nível dos seus aspetos estruturais permitindo a construção de poesias complexas e metaforicamente ampliadas, passíveis de ser analisadas e contrastadas, em contexto escolar, com as das línguas orais.