ETD. Educação Temática Digital, Campinas, SP, v.7, n.2, p.218-228 • por Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla Leitura de estudantes surdos: Desenvolvimento e peculiaridades em relação à de ouvintes
O Teste de Competência de Leitura de Palavras foi aplicado a 805 estudantes surdos da 1ª série do Ensino Fundamental até a 1ª série do Ensino Médio. Resultados mostraram crescimento significativo da competência de leitura ao longo das séries escolares. O estudo demonstrou que: 1) leitores ouvintes deixam-se enganar mais pela semelhança fonológica, ao passo que leitores surdos deixam-se enganar mais pela semelhança visual; 2) leitores ouvintes deixam-se enganar mais pela homofonia que pela semi-homofonia , ao passo que leitores surdos não; 3) leitores ouvintes deixam-se enganar mais por palavras ortográfica e fonologicamente familiares, ainda que semanticamente inadequadas às figuras, do que por pseudopalavras ortográfica e fonologicamente estranhas, ao passo que leitores surdos privilegiam o processamento semântico-ortográfico do que o ortográfico-fonológico, com melhor detecção de inadequação semântica de palavras conhecidas do que de pseudopalavras.
Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v.8, n.2, p.127-156 • por Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla Educação da criança surda: O bilinguismo e o desafio da descontinuidade entre a língua de sinais e a escrita alfabética
O artigo enfatiza a importância da linguagem para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Revê fatores psicossociais e concepções históricas que elucidam atitudes quanto ao surdo desde a antiguidade, e examina razões das mudanças da abordagem educacional, do oralismo à comunicação total ao bilinguismo. Ressalta que as três abordagens educacionais objetivam integrar a criança surda pela leitura e escrita alfabéticas, e que diferem principalmente na estratégia para alfabetização e escolarização plenas. Reconhece tanto a primazia da educação bilingue da criança surda quanto os benefícios do implante coclear multicanal que tira vantagem da continuidade entre língua falada e escrita alfabética. Ressalta que o bilinguismo deve reconhecer a descontinuidade entre língua de sinais e escrita alfabética que prejudica a alfabetização da criança surda, e buscar soluções para restabelecer a descontinuidade, como o teste experimental da escrita visual direta de sinais para aumentar a consciência metalinguística em sinais e auxiliar a aquisição de leitura e escrita alfabéticas.