Licenciada em Ensino de Português e Francês pela Universidade de Aveiro, Mestre em Linguística e Ensino de Línguas pela Universidade Católica, tendo publicado a tese de mestrado: "O Desenvolvimento da Capacidade da Elaboração Escrita" pela Editorial Novembro. Doutorada em Línguas e Literaturas Modernas - Linguística e Ensino de Línguas pela Universidade Católica, tendo defendido a tese de doutoramento intitulada: "E se eu fosse s/Surda, seria bilingue? O processo de categorização do mundo da pessoa s/Surda: a perspetiva da linguística cognitiva".
Exerce funções docentes da Escola Superior de Educação de Viseu desde 2002 e faz parte do Centro de Investigação CID&DETS - Centro de Estudos em Educação, Tecnologia e Saúde do Instituto Politécnico de Viseu.
Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional das Beiras - Departamento de Letras (Tese para obtenção do grau de Doutor em Línguas e Literaturas Modernas, especialidade em Linguística e Ensino de Línguas) • por Ana Isabel Pinheiro Silva E se eu fosse s/Surda, seria bilingue? O processo de categorização do mundo da pessoa s/Surda: a perspetiva da linguística cognitiva
E se eu fosse s/Surda? é um espaço mental construído no âmbito da Linguística Cognitiva que permite um olhar sobre o que é ser s/Surdo e como se processa a categorização do mundo pelo s/Surdo. A Linguística Cognitiva descreve este matizado de conceitos à luz da teoria da categorização, preferindo um tratamento da linguagem atualizada no uso pragmático da língua. Constituímos quatro capítulos no enquadramento teórico ao longo dos quais revelamos as conceções de surdez e da pessoa s/Surda. Questionamo-las a partir da dicotomia deficiência - diferença. Com base no peso do friso cronológico, apresentamos os paradigmas sócio-antropológico e médico-terapêutico definidores de filosofias de educação de s/Surdos. Propomos uma visita à educação de s/Surdos e descrevemos a urgência de uma educação s/Surda promotora do bilinguismo fundado na mestria de duas línguas: a Língua Gestual Portuguesa (LGP) e a Língua Portuguesa (LP) na modalidade escrita. Esta educação, sustentada em evidências das neurociências, pretende-se que capacite o aluno s/Surdo para a literacia emergente, redimensionando as suas mundividências na plataforma multilingue e multicultural. Propomos a emancipação do s/Surdo pela emancipação da LGP. Neste processo, considerámos os Professores de língua(s) vetores determinantes na promoção da educação para a diversidade. Aplicámos um questionário, a nível nacional, estes Professores com o intuito de diagnosticar que lugar ocupam os s/Surdos e a LGP na escola, descrevendo qual o estatuto da LGP para estes docentes. A maioria destes profissionais não reconhece este idioma, tornando a pessoa s/Surda invisível. O conceito de língua é repensado e reconfigurado pela existência de línguas gestuais formalmente reconhecidas. Construímos três guiões de entrevistas realizadas a 21 profissionais distribuídos por três categorias: Formadores/Docentes de LGP s/Surdos, Professores/Educadores da Educação Especial e Audiologistas. Constituímos um triângulo a partir do qual analisámos a conceptualização do mundo a partir da comunidade s/Surda e a partir da comunidade ouvinte: três formas de conceptualizar a surdez e o ser s/Surdo. A construção e a categorização do mundo pelo s/Surdo já participam de muitas identidades cosmovisões. Se eu fosse s/Surda seria um ser em construção, um espaço de amálgama, no qual a LGP constrói o mundo de forma diferente da Língua Portuguesa (LP).
International Conference on Language and Linguistics – CILL, In Atas do International Conference on Language and Linguistics – CILL, Évora • por Ana Isabel Pinheiro Silva Da deficiência à diferença: divisões na conceptualização de surdos e ouvintes
Construímos e relacionamo-nos com o mundo pela linguagem. O seu uso revela preconceitos, fundamenta estereótipos e cria estigmas. Historicamente ancoradas à deficiência, a conceção de surdez varia entre comunidades ouvinte e Surda. A linguística cognitiva descreve este matizado de conceitos à luz da teoria da categorização, preferindo um tratamento da linguagem atualizada no uso pragmático da língua. Três formas de conceptualizar a surdez a partir da dicotomia deficiência – diferença, representadas por uma formadora de LGP, uma professora de educação especial e uma audiologista, reequacionando o jogo de palavras entre deficiência e diferença, que começa a diluir-se em múltiplas identidades.
XI Congresso SPCE, In Atas do XI Congresso SPCE, Guarda. • por Ana Isabel Pinheiro Silva O papel dos professores de línguas na construção da representação cultural emancipatória da língua gestual portuguesa
A educação para a diversidade e cidadania continua a ser redefinida à luz de diferentes paradigmas educacionais emergentes. Entendemo-las como faces do multilinguismo e multiculturalismo e como espaços de cosmopolitismo emancipatório. Reflectiremos acerca da importância que o professor de línguas assume na promoção da educação para a diversidade, especificando o caso da Língua Gestual Portuguesa (LGP). Para tal, aplicou-se um questionário a 210 professores no qual procurámos saber que estatuto assume esta língua para esta população. Apresentaremos e discutiremos os resultados evidenciando o desafio que se enfrenta entre comunidades surda e ouvinte ao reclamar uma identidade e uma cultura próprias.