“O sujeito colonial é sempre determinado de fora.”
(Fanon)
“Surdo ou ouvinte?” Esta é uma das primeiras indagações estabelecidas no diálogo que se desenrola em uma conversa entre pessoas da comunidade surda, quando se encontram pela primeira vez. Um questionamento identificado por apenas dois sinais, apenas por poucas palavras, mas que demarca um território de vivências culturais diferentes, por alguns até descritas como antagônicas. Estas vivências constituem sujeitos surdos e sujeitos ouvintes, partindo de sentimentos, compreensões e significações da forma como surdos e ouvintes desenvolvem-se no mundo. Como bem coloca Perlin (2003, p. 72),
O surdo, bem como o ouvinte pratica o ato da diferenciação. Assim o cotidiano dos surdos confronta diferentes tipos de ouvintes que procuram se aproximar dos surdos com objetivos de uma fabricação da própria posição.”
Minha experiência ouvinte no mundo traz marcas capazes de me colocar nos lugares por onde andei. Mostram como interagi com a sociedade, como eu a marquei e como ela também me marcou. Nunca pensei que em algum momento de minha vida eu tivesse tamanha imersão no mundo surdo. Na verdade, desde muito pequena tive contato com a música e com a dança, expressões incontestáveis da cultura ouvinte. Estas experiências construíram minha identidade ouvinte mesmo antes de ser concebida por meus pais, que se conheceram trabalhando em uma rádio na década de 50. Praticando dança em escolas especializadas desde os três anos de idade, e cantando em corais infantis a partir dos oito, a música fez de mim alguém constituído neste contexto. As primeiras experiências profissionais, por exemplo, foram na área da dança, atividade que acompanha minha vida até hoje, mesmo que ao longo dos anos tenha se apresentado em formas e em momentos diferentes.
Partindo desta experiência ouvinte no mundo, nunca pensei na surdez. Não conhecia nem convivia com surdos. Era um fato que não fazia parte de nada na minha vida. Tive os primeiros contatos com uma pequena comunidade de crianças e jovens surdos quando ingressei na Rede Pública de Ensino do Estado do Rio Grande do Sul, atuando em uma escola de ensino fundamental na praia de Torres. A escola era regular, com turmas em todas as séries do ensino fundamental. Paralelamente a estas, havia as turmas de alunos surdos, em classes especiais. Após alguns anos de convivência esporádica com o grupo e um período de formação, comecei a trabalhar com alunos surdos adultos no segundo semestre do ano de 2006. Este foi um ano marcante em minha vida: mudei de cidade e com isso passei a atuar em uma escola pública estadual para surdos, localizada no Vale dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre. Deste período até os dias atuais vivenciei tantas experiências com e na comunidade surda que posso dividir meus trinta e cinco anos de vida em duas grandes partes: antes e depois da convivência com surdos, com a cultura surda e, principalmente, com a língua de sinais. Em uma destas tantas vivências conheci um professor surdo, hoje meu colega e amigo Carlos Roberto Martins, com quem divido minhas dúvidas e questionamentos sobre os pontos que tratamos neste texto, a quatro mãos e duas línguas.
Nossas conversas e reflexões sobre as questões que envolvem a área da surdez e uma possível necessidade de repensar os encaminhamentos das discussões, das pesquisas e das produções – referências que costumam levar a tomadas de decisões sociais e políticas e por isso mesmo devem ser tratadas com atenção e cuidado – parte do consenso onde vemos a importância de “olhar de dentro” quando se fala em cultura e comunidade surda. E quando colocamos aqui nossa concepção de comunidade surda, utilizamos o conceito muito bem expresso por Padden (1993, p.5) e utilizado por Klein e Thoma no artigo “Experiências educacionais, movimentos e lutas surdas como condições de possibilidade para uma educação de surdos no Brasil” (2010, p. 110), onde afirma:
[...] é assim que defino uma comunidade surda: ela é feita de um grupo de pessoas em que suas vidas estão constantemente, cada dia, envolvidas na interação de pessoas surdas. A comunidade surda é feita de pessoas surdas, mas também de pessoas que se movem dentro e fora da vida das pessoas surdas de forma importante – intérpretes, pessoas que trabalham em agências de Serviço Social, professores, outros profissionais, amigos ouvintes que trabalham muito próximos de pessoa surda.
Sentindo-nos integrantes de uma mesma comunidade, partilhando de vivências e experiências num espectro mais amplo, ligado intimamente àquilo que compreendemos por cultura surda, resolvemos dividir nossas inquietações, talvez até multiplica-las, ao produzir o presente artigo, expressão gráfica das longas ponderações e devaneios sinalizados, de onde surgiram os subsídios necessários para que consolidássemos esta construção. Compactuamos, pois, em muitos aspectos relacionados com a maneira com que se tem buscado compreender os sujeitos surdos, principalmente no enfoque dado por pesquisadores, escritores ou simplesmente curiosos, e que partem de pontos de vista não raro minimalistas, reducionistas, sem nunca ter vivido de fato nenhum tipo de experiência neste contexto, nesta cultura.
Cabe também colocar que a decisão de escrever a respeito de nossas muitas conversas sobre a temática de que trata este artigo torna-se um desafio, que nos leva a articular inúmeros saberes em torno das questões envolvidas e que sua transcrição para o texto escrito traz consigo marcas e características que não poderiam (e nem mesmo é nosso desejo que isso aconteça!) passar desapercebidos pelos olhos e pela análise do leitor. Este compartilhar de ideias e concepções, exatamente por nossa forma de ser, estar e interagir com o mundo, está costurado textualmente sob o ponto de vista da minha escrita, na forma como eu transponho os conceitos que tanto temos discutido. Mas, parte dos sinais da Libras – Língua de Sinais Brasileira – corporificados nos movimentos das mãos do Carlos em discussão com minhas mãos e expressões, materialização incontestável desta vivência surda de mundo. Enfatizamos, ainda, que não tratamos nestas linhas de desvelar vítimas ou apontar culpados, mas sim, buscamos problematizar o que se tem pensado, falado e escrito em relação aos surdos e às comunidades surdas. Desejamos provocar a reflexão sobre o que se tem “inventado” sobre a cultura surda, manifestação composta de múltiplas identidades e contextos, mas muitas vezes reduzida a conceitos e descrições engessados em si mesmos. Estas falas, estas metanarrativas sobre o sujeito surdo e sobre a surdez, configuram-se em um dado claramente verificável pelo crescente número de produções feitas a partir de enfoques de quem está „de fora” dos territórios onde a cultura surda vive, se cria, se recria e reinventa, constante e incessantemente.
Carlos, diferentemente de mim, nasceu surdo. Desde suas primeiras vivências traz consigo a experiência visual no seu modo de ser e estar no mundo, compartilhando estas vivências com familiares surdos e com pares surdos desde sua infância. Iniciou sua escolarização em uma escola regular que atendia crianças surdas em uma classe especializada, no município de Novo Hamburgo. Preocupados com seu desenvolvimento, os pais de Carlos, ouvintes, procuraram outro espaço capaz de lhe oferecer oportunidades melhores, levando-o primeiramente a estudar na Escola Estadual Especial Padre Réus, em Esteio, e num segundo momento, no período da adolescência, encaminhando-o a uma Instituição de Porto Alegre, a Escola Concórdia Especial para Surdos. Carlos vivenciou todas as experiências educacionais pensadas para os surdos em sua época, experiências que lhe constituem enquanto sujeito. Atualmente é professor universitário em duas grandes universidades privadas da região metropolitana, tendo concluído seus estudos de mestrado na área da educação.
Nossos questionamentos, interrogações e reticências partem do pressuposto de que ao falar do outro, necessitamos compreender algumas considerações que nos remetem aos conceitos de alteridade surda, esta forma de ser surdo através de uma experiência visual com o mundo onde se está inserido e que necessita, incontestavelmente, ser presenciada, ser materializada, ser vivida. Os conceitos que envolvem a palavra alteridade e que fazem parte destes questionamentos da não vivência por parte de um crescente número de pessoas “falantes” das questões dos surdos, nos leva a um território muito bem explicitado por Skliar e Quadros (2000, p. 6):
Esse espaço tem inaugurado, desenvolvido e imposto um conjunto de estratégias particulares de representação acerca dos outros, sobre os outros, face aos outros, pelos outros: assim, a alteridade foi, sucessiva ou concomitantemente mascarada, descoberta e redescoberta, inventada, inscrita nas fronteiras estritas da inclusão/exclusão, demonizada, delimitada em suas perturbações, estereotipada, infantilizada, normalizada, medicalizada, domesticada, desterritorializada, usurpada em seus discursos e suas formas de narrar, mitificada, assimilada, exilada, localizada no extremo negativo de certas dualidades culturais, separada institucionalmente, ignorada, objeto de curiosidade científica, de salvação religiosa e, inclusive, de redenção etnográfica, produzida pela caridade e regulada pela beneficência, etc.
Queremos, então, compreender como é possível falar dos aspectos culturais deste(s) outro(s) surdo(s) sem estar com ele(s), sem partilhar desta experiência visual, sem vivenciar aquilo que o(s) constitui enquanto sujeito(s) cultural e social dentro da comunidade surda? Problematizamos e aqui questionamos esta falsa ou nula imersão que ocorre quando pesquisadores e teorizadores colocam-se a ponderar e produzir conceitos sobre as vivências do surdo. Compactuamos com Perlin (2003, p. 58) ao colocar que “Formas de ser o outro são muitas. Estas formas podem e devem estar ligadas a uma noção experimental. Estas formas também podem e devem estar diretamente ligadas a imersão cultural.” Neste sentido, compreendemos a necessidade de partir do pressuposto de que não se pode ser o outro. Não é possível tomar seu lugar para então falar deste outro. No entanto, para que de alguma maneira possamos pensar, falar e até mesmo produzir algo sobre a materialidade deste outro, é necessário empreender na busca de uma verdadeira imersão no tempo e no espaço que ele ocupa. Quando pensamos em cultura, partindo destas ideias, compreendemos a importância da imersão na cultura surda para que se possa falar deste lugar, estando, de alguma forma, neste lugar ou muito próximo dele.
Um dos questionamentos que Carlos pontua diz respeito aos profissionais, em especial aqueles que atuam na área da educação nos espaços acadêmicos e de formação. Questiona o fato de estes profissionais estarem apropriando-se da conceitualização do ser surdo e de suas muitas teorizações, sem nunca ter vivenciado a imersão dentro da cultura surda, ocupando lugar de fala sobre esta cultura e teorizando – por vezes até banalizando – a Língua de Sinais, sem que anterior e concomitante a isso tenha havido de fato qualquer tipo de vivência, qualquer forma de imersão cultural.
Falar da surdez sob o ponto de vista da cultura do surdo – expressa em grande parte pela própria língua das comunidades surdas, as línguas de sinais – acreditamos, necessita de algo mais do que simplesmente observar, do que simplesmente olhar de fora. É preciso estar “pulsando” nesta vivência visual para de fato conhece-la, para conseguir senti-la. Costurando novamente nossa fala com os apontamentos de Skliar e Quadros (2000, p. 21),
As experiências visuais são as que perpassam a visão. O que é importante é ver, estabelecer as relações de olhar (que começam na relação que os pais surdos estabelecem com os seus bebês), usar a direção do olhar para marcar as relações gramaticais, ou seja, as relações entre as partes que formam o discurso. O visual é o que importa. A experiência visual desde o ponto de vista físico (os encontros, as festas, as estórias, as casas, os equipamentos...) até o ponto de vista mental (a língua, os pensamentos, as ideias...). Como consequência é possível dizer que a cultura é visual. As produções linguísticas, artísticas, científicas e as relações sociais são visuais.
Ao colocar a experiência visual no campo físico da materialidade da própria existência das comunidades surdas no mundo, compreendemo-la como parte primeira de qualquer imersão neste contexto. É preciso ver! É preciso ver o que se fala, compreendendo assim o que a mente cria e produz. Materializar os conceitos relacionados às experiências visuais vai muito além do ver que apenas observa, que apenas analisa.
Ao colocar estas questões, Carlos pondera a cerca de suas vivências e nos leva novamente a Skliar e Quadros (2000, p. 16), pois “O grupo social surdo trata como diferente àqueles que desconhecem as experiências visuais vivenciadas pelos surdos como parte de sua cultura e formação de identidade.”. É neste sentido que os questionamentos de Carlos convergem, inclusive, para uma tônica muito abordada por outros profissionais surdos, não apenas no que está relacionado ao próprio ensino da Língua de Sinais por pessoas ouvintes, visto que há uma forte corrente que afirma serem os surdos aqueles que de fato e com propriedade podem trabalhar e ensinar a Língua de Sinais, mas especialmente no que diz respeito aos espaços onde se tem construído discursos e reflexões sobre a cultura dos surdos e suas características e apresentações. Para quem, assim como Carlos, parte da experiência e da vivência surda em interação com o mundo, como é possível compreender ou aceitar esta presença “estrangeira” falando daquilo que não fora vivido ou daquilo com que se tem contato apenas na superficialidade, sem mergulhar, sem adentrar, sem aprofundar-se? Perlin (2003, p. 72) ressalta, ao trazer considerações de surdos sobre a forma como são interpelados por quem é e está de fora de sua cultura e de sua comunidade, que
Nas narrativas temos aqueles ouvintes que nem sequer se preocupam em dominar a língua de sinais, de ver a alteridade surda ou o surdo na sua diferença, sua necessidade é transmitir de si, como aqueles que querem a todo custo trazer o surdo para sua religião, sua música, sua língua, sua oralidade.
Talvez, para muitos, estas questões possam parecer desfocadas ou até mesmo descontextualizadas. No entanto, assim como aponta Perlin (2003, p. 64) “O ser o outro surdo que passa a inquietar o ouvinte possui conotações em que a cultura revive o passado com os rituais de possessão da anormalidade.”. Sob esta compreensão, é possível também afirmarmos que as questões envolvidas nestes questionamentos não ficam na superfície daquilo que está posto, mas remetem-nos as marcas impostas e interpostas aos surdos e a surdez ao longo dos tempos. Mesmos os surdos mais jovens, que vivem em nossos tempos, trazem consigo as cicatrizes que marcam a história surda. Estas cicatrizes, forjadas no decorrer da história e da ouvintização dos surdos, lhes colocam em uma posição de desconforto frente ao fato de que continuam a ser narrados por este outro, ouvinte, que não conhece sua realidade, que não convive na comunidade surda. Segundo Perlin (2003, p. 69), ainda,
É natural a nós surdos presenciar situações tocantes devido a rupturas da diferença do ser surdo e ser ouvinte. Rupturas que tendem a mexer com as estratégias de ser o outro na essência cultural. Rupturas que se compõem no ser o outro, no projeto da modernidade ou o projeto do outro anormal.
Neste enfoque onde acabamos por nos aproximar também dos conceitos de inclusão e exclusão, de estar incluído ou excluído em um certo contexto, num determinado momento histórico, nos colocamos frente ao que compactuamos chamar de menos valorização ou, no caminho inverso, de supervalorização das culturas, onde uma cultura busca sobrepor-se a outra, em um movimento intenso, que tem como principal objetivo identificar os mais fortes e os mais fracos que se apresentam nas relações de poder instauradas pelo consenso de um dado grupo social sobre outro.
A história da inclusão ou da exclusão ao aspecto cultural está diretamente ligada em confronto na temporalidade significativa. A modernidade condena as culturas a passar a existir como culturas elevadas no sentido de auto-suficiência ou culturas subalternas, é inerente a ela buscar um modelo de cultura. (PERLIN, 2003. p 61).
A cultura ouvinte, dominante, ainda é apresentada e defendida por muitos (por vezes de maneira direta, em outras, nem tanto...) como aquela capaz “salvar” os corpos surdos de sua posição menos capaz, posição considerada pelos preceitos majoritários como algo inferior. Quando vemos um crescente número de pessoas de fora da comunidade surda apontando dados, números e receitas capazes de decodificar, encapsular e enquadrar os surdos e a surdez numa falsa perspectiva “sócio antropológica” que surge apenas para auto denominar-se contrária aos conceitos da visão clínico terapêutica, de fato, é necessário “abrir bem os olhos” para que se possa ver, como na materialidade da surdez, que algo não parece ser aquilo que alguns teimam em afirmar que é.
Olhar de fora, então, parece-nos pouco para de fato ocupar um lugar de onde se possa falar, escrever e produzir formas de pensar e compreender a surdez. É preciso ir além, talvez enxergar mais longe, sem esquecer-se de fazê-lo de dentro. Quando este exercício, esta vivência dentro da cultura surda é insípida, acaba por produzir afastamentos capazes de determinar interpretações errôneas e incoerentes sobre aquilo que se pretendia conhecer.
Caminhando em uma via que parte de outro ponto de vista, talvez até contrário a esta análise que se faz a partir de um lugar de observação, sem a vivência, sem estar falando de dentro, apontamos uma perspectiva que consolida-se exatamente por levar-nos a compreensão e a apropriação de conceitos e de modos de ser, de estar e de ver o mundo partindo do que se é, de onde se está e de como se vê o mundo. Falamos, aqui, dos Estudos Surdos. Segundo a Professora Dra. Nídia Limeira de Sá (2006, p.1)
Os Estudos Surdos têm surgido nos movimentos surdos organizados e no meio da intelectualidade influenciada pela perspectiva teórica dos Estudos Culturais, ou seja: os Estudos Surdos inscrevem-se como uma das ramificações dos Estudos Culturais, pois enfatizam as questões das culturas, das práticas discursivas, das diferenças e das lutas por poderes e saberes.
E é, exatamente, neste campo em que posicionamos nossa perspectiva possível de localizar-se para então pensar e falar sobre o que diz respeito à cultura dos surdos, seja qual for a temática ou o enfoque a ser abordado. Compreendemos os Estudos Surdos como parte integrante dos Estudos Culturais e que, de forma mais específica, configura-se em um programa de pesquisa na área da educação “onde as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas e entendidas a partir da diferença, a partir de seu reconhecimento político” (SKLIAR, 1998, p.5).
Pensando nas infinitas possibilidades do sujeito surdo, nas híbridas e múltiplas formas surdas de ser e de estar no mundo, é possível encontrar nos Estudos Surdos olhares menos infestados de conceitos pré concebidos, conceitos estes tão fortemente enraizados no senso comum da maioria ouvinte e nos seus preceitos audistas. Partindo desta ótica, encontramo-nos com um caminho repleto de condições favoráveis para que se possa, ao olhar de dentro, passar a ver a cultura dos surdos em patamar de igualdade de condições e possibilidades com outras culturas, especialmente com aquelas tidas como dominantes.
A presença de educadores, pesquisadores, mestres e doutores surdos nos mais diferentes espaços educacionais e acadêmicos têm constituído novos olhares e também apresentado novos paradigmas. Esta mudança de foco traz consigo possibilidades grandiosas para que velhos conceitos sejam revisitados e transformados, passando a compreender as questões dos surdos, da surdez e da própria cultura surda a partir de um olhar que parte de dentro deste contexto e materializa-se na presença de mãos e expressões vívidas, que antes não eram vistas nem reconhecidas na sociedade ouvinte. É preciso, pois, viver. E neste caso, ver!
PERLIN, Gládis T. T. O ser e o estar sendo surdos: alteridade, diferença e identidade. 2003. 156 f. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação, Porto Alegre, BR-RS, 2003.
SKLIAR, Carlos e QUADROS, Ronice Muller de. Invertendo epistemologicamente o problema da inclusão: os ouvintes no mundo dos surdos. Estilos da Clínica, São Paulo, v. V, n. 9, p. 32-51, 2000.
THOMA, Adriana da Silva; KLEIN, Madalena. Experiências educacionais, movimentos e lutas surdas como condições de possibilidade para uma educação de surdos no Brasil. Cadernos de Educação / Faculdade de Educação – UFPel. – Ano 19, n.36 (mai.-ago. 2010) – Ed. UFPel – P. 107 – 131. Pelotas, 2010.
LOPES, Maura Corcini. Surdez & Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
THOMA, Adriana da Silva e LOPES, Maura Corcini. (orgs.). A invenção da surdez: Cultura, Alteridade, Identidade e Diferença no Campo da Educação. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2005.