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Medicamentos errados matam mulheres surdas grávidas no Gana
por porsinal     
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Segunda-feira, 18 de Março de 2013 às 00:45:35
A Associação Nacional de Surdos do Gana (GNAD) observou que a incapacidade dos médicos e enfermeiros para entender e interpretar língua gestual foi levando a prescrições erradas de medicamentos para pessoas surdas.

O GNAD (Ghana National Association of the Deaf) disse que o fenómeno levou a que muitas mulheres grávidas entre as pessoas surdas perdessem as suas vidas enquanto outros ficaram indignados, dado o tratamento injusto dado a pessoas surdas em centros de saúde de todo o país.

James M. Sambian, Diretor Executivo da GNAD, trouxe a público estas informações numa entrevista com a Agência de Notícias do Gana, para explicar os desafios que as pessoas surdas encontram no acesso à saúde.

Ele disse que a falta de intérpretes de língua gestual estava a resultar em diagnósticos inadequados devido à barreira de comunicação entre pacientes surdos e os médicos e enfermeiras.

James Sambian explicou que a situação resultou na incidência de prescrições incorretas levando, consequentemente, a mortes evitáveis.

O director executivo observou que, devido à falta de compreensão e interpretação da língua gestual, um oficial médico num dos centros de saúde da Região de Ashanti, há algum tempo atrás, perscreveu o medicamento errado a uma mulher surda grávida que acabou por falecer.

Para quebrar a barreira de comunicação e obtenção de um intermediário, muitas pessoas surdas têm de suportar, na maioria dos casos, todo o custo de contratação de um intérprete de língua gestual, a fim de terem acesso aos devidos cuidados de saúde.

Há também a discriminação perceptível nos centros de saúde que fazem fronteira com a emissão de cartões, salas de consulta visitantes e acesso à informação sobre educação em saúde reprodutiva.

O director executivo apelou ao Ministério da Saúde e ao Serviço de Saúde do Gana para treinar intérpretes de língua gestual para os centros de saúde regionais e distritais, dizendo que "o governo deveria, como questão política dotar o pessoal do setor da saúde de estudos de interpretação em língua gestual".

Como medida provisória, James Sambian sugeriu que o Serviço de Saúde do Gana preparasse uma secção dos enfermeiros em interpretação de língua gestual para enfrentar o "calvário silencioso que as pessoas surdas passam em vários centros de saúde".

Ele pediu que o governo e as organizações não-governamentais, assim como todas as pessoas, apoiem a Associação Nacional de Surdos do Gana para defender os direitos à saúde das pessoas surdas.

Robert Sampana, Diretor Jurídico da GNAD, disse que há muita falta de informação sobre as pessoas surdas no que toca à cultura e à língua pelo pessoal de saúde e que isso cria enormes desafios.

Ele disse que a incapacidade das pessoas surdas ao acesso dos cuidados de saúde de qualidade, como outra pessoa qualquer, deve ser uma fonte de preocupação para todos.

Ele apelou aos parentes dos pacientes surdos para obter intérpretes de língua gestual e envolveu pessoas surdas em atividades familiares para evitar o isolamento que os pacientes com trauma e incapacidade de ouvir passam a todo o momento.

Robert Sampana observou que é apenas por meio da língua gestual que as pessoas surdas podem apreciar e exercer os seus direitos humanos e contribuir para o desenvolvimento social e económico do país.

Ele acrescentou que as pessoas com incapacidade auditiva já estavam a sofrer discriminação e estigma em círculos de emprego e em muitos setores da economia.

Ele chamou então o governo a reconhecer a Língua Gestual do Gana como língua oficial dos surdos e a prever o emprego de intérpretes de língua gestual em centros de saúde de todo o país.

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