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Surdos sentem-se abandonados. “A sociedade não os vê como pessoas úteis”
por porsinal     
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Terça-feira, 06 de Abril de 2021 às 01:46:17
Um estudo realizado em 2016 concluiu que “os factores de risco avaliados, a malária revelou ser o mais significativo” dentre os “factores de risco para a surdez neurossensorial em São Tomé e Príncipe.” Segundo o estudo “as causas genéticas e ambientais poderão estar a ser responsáveis pelo aumento de prevalência de surdez neurossensorial” no país.

Ser surdo em São Tomé e Príncipe é um grande desafio porque as pessoas não gostam de contratar surdos para trabalhar”, conta o jovem surdo Hermínio. O senso populacional de 2012 revela que 2,91% da população são-tomense disseram que “têm dificuldade permanente de ouvir”, porém o sistema de educação do país ainda não oferece condições para a plena inclusão dos surdos. “Surdez: Devemos ouvir para sermos iguais?”, questiona a Associação dos Surdos.

Em entrevista à RSTP, Sonia Pessoa, presidente da Associação Missão Dimix destacou “a dedicação e empenho destes jovens surdos em aprender” e disse que “está muito feliz com a evolução” dos jovens. Em 2017 foi criado o projecto “Sem Barreiras – Bámu Dá Mon”, um projecto de educação inclusiva para surdos, do psicólogo Sebastião Palha em parceria com a Associação de Surdos de São Tomé e Príncipe e apoio do Unicef São Tomé. Além disso, pelo menos duas vezes por semana a Missão Dimix recebe os jovens surdos na CACAU para realização de várias atividades, sobretudo virados para a “educação ambiental”.

O jovem Daniel através de língua gestual conta que “a Missão Dimix é muito importante na minha vida porque está a ajudar-me a adquirir conhecimento e proporciona-me ocupação, tendo em conta que não existem muitas coisas para os surdos no país”.

No âmbito da parceria com o projecto “Mina Muála Nón“, também está a desenvolver um ateliêr de costura para a produção de pensos menstruis reutilizáveis. Segundo o costureiro Hélio da Graça “é um grande desafio trabalhar com esses jovens surdos porque eles falam uma língua diferente. Contudo, tem sido uma grande aprendizagem“, porque ao mesmo tempo que ensina, também aprende a língua dos surdos.

O senso populacional de 2012 revela que 2,91% da população são-tomense “tem difculdade permanente de ouvir”. Entretanto, um estudo realizado em 2016 concluiu que “os factores de risco avaliados, a malária revelou ser o mais significativo”

A vida dos surdos em São Tomé e Príncipe não é fácil porque a sociedade não os vê como pessoas úteis. Muitos deles andam quilómetros a procura de emprego, mas as pessoas estão sempre a negar por não falarem a mesma língua, e isso faz com que os surdos fiquem tristes e decepcionados“, relatou Zilma Pereira, professora da única escola de língua gestual que existe no país.

Zilma salientou também que “muitos destes surdos têm família e não têm um emprego para sustentarem a sua família e isso é uma grande preocupação para eles”. A professora pede mais oportunidades para os surdos em São Tomé e Príncipe para que eles possam mostrar as suas competências. Entretanto, “Surdez: Devemos ouvir para sermos iguais?” foi tema de uma exposição realizada em 2018 para sensibilizar a população para a inclusão de pessoas surdas.

Desde 2018 que a Missão Dimix, semanalmente, dá orientação ambiental aos jovens surdos que criaram uma linha de produtos amigos do ambiente com recurso à reutilização de sacos de plástico e combate ao uso de descartáveis.

Os objetivos das actividades propostas pela Missão Dimix com os jovens surdos do Grupo Sem Barreiras passam pela ” a ocupação de tempo-livres, desenvolvimento da auto-estima, desenvolvimento de competências para a vida, despertar para o ODS 14, Proteção da Vida Marinha e à visão da reutilização de resíduos como fonte de renda”.

A Missão Dimix destaca 3 impactos resultantes destas actividades: aumento da auto-estima dos jovens; jovens aptos para capacitar outros jovens, produtos amigos do ambiente para venda.

A Associação Missão Dimix actua através da implementação de ações pedagógicas, culturais e artísticas que têm como objetivo o apoio e desenvolvimento nas áreas da Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, Saúde, Defesa dos Direitos da Criança, Igualdade de Direitos Humanos e Proteção do Ambiente.
No seu dia-a-dia, desenvolve várias actividades educativas, utilizando técnicas manuais para reutilização de resíduos, literacia do oceano, leitura, artes visuais.

A Missão Dimix acredita no poder da educação e do sonho para o desenvolvimento de comunidades onde pessoas, animais e ambiente se relacionam em harmonia.

Fonte: RSTP

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