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Os Batuqueiros do Silêncio
por porsinal     
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Domingo, 18 de Novembro de 2012 às 18:04:57
Uma Experiência Musical que Ultrapassa os Limites do Som. Esta é a proposta do projeto Som da Pele, proporcionar ao participante com deficiência auditiva em todos os níveis, uma experiência musical que ultrapassa os limites do som, através de uma metodologia específica idealizada e desenvolvida pelo educador Irton Silva aka Batman Griô, para realizar uma prática pedagógica de musicalização com pessoas surdas.

A inspiração para este projeto, veio do filme “O Resto é Silêncio”, um curta metragem onde o autor investiga a curiosidade que a pessoa com deficiência auditiva tem a respeito das sensações que a música provoca nos ouvintes, esse foi o ponto de partida que motivou o músico e educador Irton Silva a elaborar e desenvolver este projeto com o intuito de investigar mais a fundo esta curiosidade e através da Batmacumba Inclusiva – núcleo de atuação do grupo Batmacumba, que desenvolve ações de inclusão através da arte e principalmente através da música e dos ritmos da cultura afro-pernambucana, tendo no seu histórico trabalhos semelhantes realizados com pessoas com deficiência visual, intelectual e em tratamento psiquiátrico nas cidades de Recife e São Paulo e agora residindo novamente em Recife e através do incentivo do prêmio Interações Estéticas – residências artísticas em pontos de cultura, oferecido pela Funarte e Ministério da Cultura, do qual foi ganhador no edital de 2008, foi possível iniciar esse projeto pioneiro não só por sua metodologia inovadora e inédita no mundo inteiro más também por iniciar ao mesmo tempo uma interlocução com as instituições voltadas para o ensino das artes, especialmente as que atuam em Recife, e que serão convidadas a se fazer representar, em diferentes momentos desta experiência, através de gestores, professores e alunos, para que essa interação influencie sobre as práticas de todos. deste modo o educador busca o impacto que sua metodologia MusicaLibras pode produzir.

Um breve resumo do projeto Som da Pele

Em Abril de 2009 tem início a residência artística do educador Irton Silva, no Ponto de Cultura Surda Vozes Visuais, onde é apresentado pela primeira vez a um grupo de jovens surdos, os elementos que compõem a música, a melodia que vem da voz e instrumentos de sopro, a harmonia que vem dos instrumentos de corda e o ritmo, elemento fundamental na música e que antes de serem transmitidos pelos tambores (que no caso só foram introduzidos ao final da prática pedagógica) já eram experimentados com o próprio corpo, que pulsa em ritmos diferentes, porém constantes, e a partir deste momento foram desenvolvidas técnicas para explorar a construção de ritmos tradicionais como o maracatu de baque-virado, através de luzes, sequenciadores, lanternas entre outras ferramentas, a prática contou também com a transmissão de noções básicas de teoria musical através da matemática, metodologia desenvolvida pelo educador Nilton Cunha, parceiro em alguns momentos do projeto, também foi necessário criar uma nova técnica e por meio de uma “nova” nomenclatura para identificar as figuras de tempo musical através de sinais visuais, foi possível obter um resultado acima do esperado, resultando na formação ao final da oficina de três meses, no Grupo Som da Pele que em pouco mais de quatro meses de existência, já contabilizava várias apresentações, além de uma célula do grupo na cidade de São Bento do Una e foi homenageado no prêmio Talentos em Rede, oferecido pela Acaape em parceria com o Sebrae.

A Acaape – Associação Cultural e Assistencial dos Artistas de PE, abriga o Ponto de Cultura Mudando a Vida com a Arte, onde está instalada uma célula do Projeto Som da Pele de Música para Surdos, onde semanalmente se encontram os Batuqueiros do Silêncio, o idealizador do projeto Som da Pele, que mantém o projeto de forma voluntária e as intérpretes que também doam seu tempo e conhecimento a essa ação afirmativa de inclusão social de surdos através da arte.

Os Batuqueiros do Silêncio são um grupo percussivo formado por jovens com surdez total ou parcial, com idades entre 15 e 29 anos, oriundos de vários bairros da cidade do Recife e região metropolitana.

Os jovens participaram de oficinas de musicalização realizadas pelo grupo Batmacumba, através do núcleo “Batmacumba Inclusiva” que criou um projeto pioneiro de música participativa com pessoas surdas que, pela 1° vez nas suas vidas, tiveram a oportunidade de sentir de perto as sensações que a prática de um instrumento de percussão nos proporciona.

A partir da parceria com o atelier percussivo “Casa do Tambor”, a experiência ficou ainda mais acessível, pois, além do campo sensorial, foi possível trabalhar o campo visual através de luzes e sensores que foram adaptados aos instrumentos.
Durante toda a prática pedagógica de musicalização, que teve início em abril de 2009, com uma residência artística do músico e educador Irton Silva, conhecido artisticamente pelo apelido de Batman Griô, numa escola bilíngüe, da cidade de Recife. Através do prémio “Interações Estéticas”, oferecido pela Funarte/Ministério da Cultura. Em seguida, surgiu a oportunidade de conhecer, num formato mais compacto, todas as técnicas e soluções inovadoras desenvolvidas durante a residência, tais como: um alfabeto musical-visual – onde as figuras de tempo musical são representadas por sinais visuais – que foi aplicado a um grupo de jovens surdos de algumas cidades do agreste pernambucano durante um workshop no 19° Festival de Inverno de Garanhuns, promovido pela FUNDARPE – Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco.

Em novembro de 2010, a proposta da oficina “Batuqueiros do Silêncio – Um Baque de Nação Promovendo a Inclusão” foi a única desse Estado a ser contemplada no edital “Idéias Criativas para o 20 de Novembro”, promovido pela Fundação Palmares/Ministério da Cultura, e através de mais este prémio foi possível realizar a oficina que deu origem que ao Grupo “Batuqueiros do Silêncio”, que toca os principais ritmos da cultura popular brasileira, entre eles se destacam o: maracatu de baque-virado, frevo, samba, ciranda entre outros, e com o auxílio do METRÓNOMO VISUAL, equipamento inédito(original) desenvolvido pelo educador Batman, que utiliza um sequenciador eletrónico e uma combinação de lâmpadas – de cores e tamanhos variados – que representam não só a estrutura de um compasso musical como também faz a descrição visual das frases rítmicas dos ritmos tradicionais e contemporâneos, que estão sendo conhecidos juntamente com artistas locais em diversas apresentações que vão desde seminários em escolas e universidades à eventos oficiais do calendário cultural a exemplo do carnaval Multicultural do Recife 2011, ocasião em que foi lançado o Bloco Batuqueiros do Silêncio, 1° bloco músico-acessível do mundo, formado exclusivamente por pessoas com surdez total ou parcial e conduzido por luzes de lanternas coloridas, revelando toda a riqueza desta ação afirmativa de inclusão social através da música, que ao mesmo tempo promove o resgate da identidade de um segmento culturalmente e historicamente excluído.

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