Apresentar a surdez como diferença linguística, portanto, uma diferença cultural, tem sido um dos principais desafios enfrentados pelos surdos. Embora a comunidade surda brasileira tenha conquistado direitos como, por exemplo, o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – como língua oficial, o discurso clínico-terapêutico permanece presente na educação dos surdos incluídos em escolas regulares, reproduzindo uma surdez sustentada apenas por uma ausência da audição que necessita ser reabilitada. Este artigo objetiva documentar três casos de inclusão de alunos surdos em escolas regulares da rede básica municipal da região do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil. Fundamentado em autores como Skliar (2001), Perlin (2001), Lopes (2007), Dorziat (2009), entre outros, o artigo apresenta um resgate dos propósitos da inclusão escolar de surdos e discute a importância da escola especializada na educação desses sujeitos, bem como a importância da língua de sinais para o desenvolvimento dos alunos. Através de uma análise em questionários aplicados com as professoras dos três alunos surdos e de anotações em diário de campo, percebeu-se que, em dois dos três casos, há falta de entendimento sobre a surdez, como também uma associação das dificuldades de comunicação dos alunos com distúrbios cognitivos. Além disso, é possível identificar práticas ouvintistas, em todos os três casos, que atuam, muitas vezes subliminarmente, de forma a normalizar a identidade desses alunos.