Libras em Estudo: Política Linguística, FENEIS-SP, p145-163 • por Cristiane Esteves de Andrade Surdez e sociedade: Questões sobre conforto linguístico e participação social
A inclusão é um tema que está em discussão nas mais diversas áreas da sociedade (educação, cultura, lazer, trabalho e saúde, entre outros). Neste sentido, a concepção de deficiência vem se modificando historicamente, ao passo em que as condições sociais são alteradas pela ação do próprio homem. Este capítulo objetiva a reflexão sobre as condições de inclusão educacional e a participação social da comunidade surda que usa a língua de sinais como primeira língua – L1. Falaremos mais profundamente sobre as questões de conforto linguístico, o acesso aos bens culturais e sociais, o exercício de sua cidadania por meio de sua primeira língua (a Língua de sinais) e do uso do português como segunda língua. O texto segue organizado nos seguintes tópicos: Crianças surdas e o “conforto linguístico” na família; “Conforto linguístico”: do contexto escolar ao trabalho; e A participação social: Surdos bilíngues e a alternância de línguas. Entendese por conforto linguístico, a situação de uma pessoa se comunicar e interagir com o mundo, por meio de uma língua que lhe é natural, língua esta que lhe dá condições de entender e interpretar o mundo, de maneira completa e significativa. A alternância de línguas para os surdos brasileiros somente é possível quando a sua escolarização é baseada verdadeiramente nos princípios de uma educação bilíngue de qualidade, e de respeito à sua língua natural, a sua L1. A presença de um intérprete de língua de sinais é ponto preponderante em várias situações, no entanto, se a sociedade não estiver organizada com o objetivo de proporcionar igualdade de condições, a participação social a inclusão não será plena.