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Diane Lillo-Martin
Diane Lillo-Martin
Investigadora
Imperativos Análogos a Raízes Infinitivas: Evidência das Línguas de Sinais Americana e Brasileira
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Publicado em 2009
Cadernos de Saúde (Instituto Ciências da Saúde), v. 2, p. 29-35
Diane Lillo-Martin
Ronice Müller de Quadros
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Resumo

Neste artigo, investigamos a hipótese de Salustri e Hyams (2003, 2006) de que (em algumas línguas) há imperativos que funcionam como raízes infinitivas usados para expressar significado de irrealis. As línguas em que isso acontece, não apresentam o estágio de raízes infinitivas. Nós investigamos esta hipótese a partir da produção de duas línguas de sinais coletadas longitudinalmente em crianças surdas adquirindo a língua de sinais americana (ASL) e a língua de sinais brasileira (LSB). Nessas línguas, há dois tipos de verbos – um dos quais prediz a realização de imperativos análogos. Os resultados sustentam a hipótese do imperativo análogo de Salustri e Hyams e, além disso, é mais uma evidência para a proposta de Quadros (1999) baseada em dados de adultos.

1. Contextualização

Frequentemente tem sido observado que crianças muito pequenas produzem formas verbais não finitas (com sintaxe apropriada), ao lado de formas corretamente flexionadas por volta dos dois anos de idade. Poeppel & Wexler (1993) apresentam o exemplo em (1) de Andreas, com 2,01. Em (1a), o verbo hab está devidamente flexionado e na posição para verbos flexionados, V2. Em (1b), o verbo haben está na forma infinitiva e na posição para verbos infinitivos, ou seja, no final da sentença (que pode aparecer também em orações principais somente quando há um verbo auxiliar na posição V2). Wexler refere exemplos do tipo de (1b) como Infinitivos Opcionais (OI), enquanto Rizzi utiliza o termo Raízes Infinitivas. Neste artigo, usamos os dois termos indistintamente para referir este tipo de exemplo.

(1)  a. Ich hab ein dossen Ball.
         I have a big ball
         Eu tenho uma grande bola

      b. du das haben
          you that have
          você que tem

Também foi observado que o uso dessas formas varia significantemente entre as línguas (ver também Guasti (1993/4), Phillips (1995), Wexler (1998), Buesa Garcia (2007) e Grinstead (2008)). Wexler (1998) concluiu que as línguas nas quais há a marcação do estágio de infinitivos opcionais são línguas que não apresentam sujeitos nulos. O autor sintetiza esta generalização em (2). Note que nas línguas com sujeitos nulos há algumas ocorrências de raízes infinitivas, mas as crianças aprendem que nessas línguas se usa muito menos este tipo de construção, enquanto que as crianças de línguas que não tem sujeitos nulos usam raízes infinitivas com muita freqüência.

(2) Generalização Sujeitos Nulos/Infinitivos Opcionais: A criança passará pelo estágio de OI se somente se a língua não licencia sujeitos nulos.

No entanto, Salustri & Hyams (2003/2006) observaram que raízes infinitivas normalmente tem interpretação mood/irrealis e são eventivas 1. Por isso e por outras razões, elas argumentam que as raízes infinitivas apresentam uma base gramatical e representam, portanto, uma manifestação universal. De acordo com as autoras, existe um “núcleo universal” do estágio de raízes infinitivas que se refere ao fato de todas as crianças manifestarem a aquisição de mood. O que é universal no estágio de raízes infinitivas é o mapeamento do mood irrealis em uma estrutura oracional sem marcação de tempo. Para as crianças que estão aprendendo uma língua de sujeito nulo marcado, uma estrutura sem marcação de tempo análoga será usada para expressar o mood irrealis. Nesse caso, a forma imperativa será usada como análoga a raízes infinitivas.

Salustri & Hyams não estão dizendo que todas as manifestações de imperativos apresentam todas as interpretações encontradas para infinitivos. Por exemplo, os imperativos não podem expressar intenções futuras. No entanto, eles são irrealis e eventivos e, nesse sentido, há um paralelo entre as raízes infinitivas usadas pelas crianças que estão aprendendo uma língua sem sujeitos nulos e o uso de imperativos por crianças aprendendo uma língua com sujeitos nulos. Para sustentar esta proposição, Salustri & Hyams mostram que os imperativos são muito mais frequentes na aquisição de línguas com sujeito nulos do que em línguas sem sujeitos nulos. Para evidenciar que esses resultados não são determinados por questões culturais, as autoras apresentam também dados de crianças bilíngues adquirindo uma língua de cada tipo. As crianças bilíngues do par italiano-alemão usam em torno de 30 a 60% de imperativos no italiano enquanto que no alemão, usam apenas em torno de 10%, no período de 2;0 a 2;7.

2. Morfologia verbal na ASL e na LSB

Nós testamos a hipótese de imperativos análogos de Salustri & Hyams observando a aquisição de línguas que apresentam os dois tipos de verbos, um que permite o licenciamento de sujeitos nulos por meio da flexão de concordância e outro que não licencia sujeitos nulos. Tanto a ASL como a LSB tem verbos com concordância pessoal e locativa que licenciam sujeitos nulos e verbos ‘simples’ sem concordância que não licenciam sujeitos nulos (Lillo-Martin 1986; Quadros 1997).

LSB e ASL (assim como a maioria das línguas de sinais) tem diferentes tipos de verbos que variam entre verbos modificados para indicar argumentos verbais e aqueles que não modificam. A descrição dos verbos com concordância usados aqui é uma modificação do que foi proposto por Meir (1998, 2002). Os verbos indicam seus argumentos pela direção da face da mão e pelas posições iniciais e finais dos sinais no espaço de sinalização. As locações no espaço de sinalização podem ser associadas com referentes de pessoas ou com locativos. Então, os verbos de concordância pessoal (geralmente verbos de transferência) tem a face da mão direcionada para os seus objetos e movem de uma localização associada com seu sujeito (+humano) para a localização associada com o seu objeto (+humano) 2.

Os verbos simples não tem flexão para indicar o sujeito e o objeto, mas podem ser sinalizados em uma determinada localização indicando a locação do evento, neste caso apresentando um comportamento similar ao dos verbos de concordância locativa. Esta flexão locativa e o movimento do verbo é conhecida como concordância, ilustrada na Figura 1 (ver também Padden, 1988[1983]).

Figura 1 – Concordância verbal na ASL

Ambas flexões de concordância pessoal e locativa licenciam argumentos nulos (Lillo-Martin 1986; Quadros 1997). Para a presente proposta, nós agrupamos os verbos com concordância em oposição aos verbos sem concordância (verbos ‘simples’).

3. Primeira questão da pesquisa

3.1. Contextualização

Dada a existência de dois tipos de verbos na ASL e na LSB, nossa primeira questão de pesquisa é se o uso de imperativos será diferente entre as sentenças com cada tipo de verbo, como sintetizado em (3).

(3) Os imperativos são usados como análogos a infinitivos com verbos concordância, mas não com os verbos simples na ASL e na LSB?

A hipótese do imperativo análogo e a hipótese da não existência de analogia dos imperativos apresentam diferentes previsões quanto a realização dos imperativos nas línguas, baseado na suposição de que não há diferença no uso de imperativos entre as línguas, assim como apresentado em (4).

(4) Hipóteses

Hipótese dos imperativos análogos – imperativos com verbos com concordância > imperativos com verbos simples

Hipótese da não analogia dos imperativos – imperativos com verbos com concordância = imperativos com verbos simples

3.2. Participantes

Nós analisamos o desenvolvimento da morfologia verbal em duas crianças surdas adquirindo suas línguas de sinais com os seus pais surdos: SAL, adquirindo a ASL, entre 1;07 e 2;03 e de LEO, adquirindo a LSB, entre 1;9 e 2;05. As crianças foram filmadas longitudinalmente nteragindo espontaneamente com sinalizantes fluentes. 3 O número de enunciados analisados com um verbo é apresentado na Tabela 1.

Idade Leo Sal
1;07   17
1;08   85
1;09 56 69
1;10 17 6
1;11 34 19
2;00 25 112
2;01 69  
2;02 121 159
2;03 79 93
2;04 92  
2;05 110  

Tabela 1 – Número de enunciados analisados com um verbo

3.3. Método

Na ASL e na LSB, os verbos simples, normalmente, são de ‘estado’ e os verbos com concordância são ‘eventivos’. Como os imperativos são geralmente eventivos, nós esperaríamos encontrar mais imperativos com verbos com concordância do que com verbos simples. Portanto, nós não podemos simplesmente comparar o número de imperativos com os verbos com concordância e os verbos simples. Nós temos que considerar apenas os verbos eventivos das duas categorias verbais. Assim, os resultados reportados aqui distinguem o uso de imperativos entre os verbos eventivos simples e os de concordância.

Nós codificamos manualmente cada enunciado declarativo com verbo eventivo, identificando-os como eventivos ou de estado. Quando então tínhamos todos os verbos eventivos, classificamo-los como imperativos e não-imperativos. O contexto e o acento foram usados para identificar as formas imperativas.

3.4. Resultados

Os resultados de nossas análises estão apresentadas na Figura 2.

Ambas as crianças produziram mais imperativos com verbos com concordância do que com verbos simples. Os resultados são mais surpreendentes porque há uma produtividade muito maior de verbos simples do que de verbos com concordância (ver Quadros e Lillo-Martin, 2007). Seguem exemplos de uso de imperativos na produção das crianças em (5) e (6).

Figura 2 – Resultados do primeiro estudo

(5) Sal (1;09)

IX(bag) PICK-UP; IX(bag) PICK-UPBAG.
HEY! BAG, PICK-UP IX(bag).
‘Pick up that bag; see that bag – pick it up! Hey! Pick up the bag!’
Pega aquele pacote; veja aquele pacote – pega ele! Pega o pacote!

(6) Leo (2;01)

PEGAR; PEGAR BALA; PEGARBALA IX; PEGAR; PEGAR.
‘Pega, pega aquela bala; pega a bala lá; pega, pega!’

Os resultados confirmam a hipótese do imperativo análogo.

4. Segunda pergunta da pesquisa

4.1. Contextualização

Hoekstra & Hyams (1998), Deen & Hyams (2006), e Salustri & Hyams (2006) fazem as seguintes observações em (7) e (8).

(7) Efeito de referência mood

     Frequentemente as raízes infinitivas tem significado de um mood/irrealis.

(8) Hipótese de oposição semântica

     A expressão do mood irrealis na gramática inicial exclui a especificação temporal.

Estas observações levam Hyams e seus colegas a postularem que várias formas não finitas são usadas para expressar mood irrealis na gramática da criança. Nós temos visto que em algumas línguas a forma não finita usada é infinitiva, enquanto em outras é o imperativo (e ainda há outras formas, tais como subjuntivo ou outras formas não finitas).

Nós observamos no primeiro estudo que os imperativos são usados pela SAL e pelo LEO para expressar mood irrealis. Assim, podemos perguntar se todas, ou virtualmente todas, as intenções irrealis de SAL e LEO são expressas por meio da forma imperativa. Se não, que formas são usadas? Está questão é a base da formulação da segunda pergunta da pesquisa em (9):

(9) Como o mood irrealis é expresso na ASL e na LSB da criança?

Nós percebemos que os adultos sinalizantes da ASL e da LSB utilizam uma marca não manual que acompanha as expressões de desejo e intenção (irrealis). Esta marca não é usada para expressar o futuro simples. É muito difícil julgar se as crianças estão usando essa marca não manual, pois o ângulo da filmagem normalmente não permite acesso a esta informação e também por outras dificuldades de visualizar suas faces. Todavia, fica claro que elas não estão usando consistentemente a marca não manual de irrealis.

4.2. Participantes e metodologia

Foram analisadas algumas sessões do desenvolvimento da SAL e do LEO assim como examinado no primeiro estudo. Foram codificados os enunciados eventivos com um verbo de mood: realis vs. irrealis, separando-se os verbos com concordância dos verbos simples.

4.3. Resultados

Os resultados destas análises estão apresentados na Figura 3.

Vários aspectos são identificados a partir destes dados. A primeira coisa é que tanto SAL como LEO praticamente não produzem verbos irrealis além de imperativos. Depois, ambos produzem os mood irrealis imperativos e não imperativos como os dois tipos de verbos, com concordância e simples.

Figura 3 – Resultados do segundo estudo

LEO, como já identificado anteriormente, não utiliza imperativos com verbos simples.

Ao analisar os verbos com concordância, fica claro que ambas as crianças usam formas imperativas e não imperativas para marcar irrealis. Então, não podemos afirmar que o imperativo ‘análogo’ é a forma exclusiva de realizar o mood irrealis nas produções de SAL e LEO.

As formas irrealis não imperativas geralmente servem para descrever eventos futuros ou possibilidades, frequentemente com a marcação do verbo PODER ou NÃO-PODER. Veja alguns exemplos em (10).

(10) a. Sal 1;09
          RING-LOC(here) TABLE; IX(FAT) COMELOC(here) HERE.
          ‘(He will) bring the table here; he (will) come here.’
          Ele trará a mesa aqui; ele virá aqui.

      b. Sal 2;02
          WRITE-LOC(easel) CAN.
          ‘(You) can write on the easel.’
          Você pode escrever no quadro.

SAL também fez uso de um emblema g(wait-a-minute) para acompanhar as formas não imperativas de irrealis usadas por ela. Alguns exemplos são dados em (11). Este emblema é uma forma gestual convencionalizada usada culturalmente por ouvintes americanos, por isso chamamos de emblema ao invés de sinal.

(11) a. Sal 1;09
          COME-LOC(here) g(wait-a-minute).
          ‘(He will) come here in a minute.’
          Ele virá aqui em um minute.

      b. Sal 2;02
          IX(self) HAT BRING-LOC(here) g(wait-aminute)
          ‘I will bring the hat here in a minute.’
          Eu trarei o chapéu aqui em um minuto.

Não somente as formas não imperativas de irrealis produzidas por SAL são acompanhadas pelo emblema g(wait-a-minute), mas muitas outras formas. Talvez ela esteja usando este emblema como uma forma de marcação de irrealis.

Morford e Goldin-Meadow (1997) verificaram em crianças utilizando sinais caseiros este mesmo gesto convencional (glosado por elas como WAIT) com os mesmos sentidos. As autoras pontuaram que “In addition to using the gesture for this conventional meaning, the deaf children also used the gesture to identify their intentions, that is, to signal the immediate future” (Morford & Goldin-Meadow 1997, p. 429) 4.

Morford e Goldin-Meadow verificaram que os pais não sinalizantes das crianças usaram o mesmo gesto no sentido convencional, que foi caracterizado como ‘pedido’ de tempo ou de ‘espera’. mas elas observaram também que os pais não usaram o gesto para identificar o futuro imediato, como as crianças fizeram.

A mãe da SAL utiliza o gesto g(wait-a-minute), mas não conseguimos analisar o seu uso. Não fica claro se o uso deste gesto na ASL já está gramaticalizado, mas nos dados da criança essa possibilidade pode ser considerada.

O que acontece com os verbos simples? Fica evidenciado que as crianças não utilizam formas não imperativas irrealis com verbos simples (embora SAL produza algumas formas imperativas com os verbos simples). Estas formas parecem ser infinitivas – não marcada temporalmente – de acordo com a Hipótese da Oposição Semântica. Na verdade, é difícil afirmar se essas formas dos verbos simples são ‘infinitivas’, uma vez que os verbos simples não necessariamente apresentam marca de tempo. Muitos, apesar de não serem todos, verbos simples da produção de SAL estava acompanhado de g(wait-a-minute); por outro lado, nós não podemos afirmar se as crianças usam formas não marcadas de tempo para expressar irrealis com verbos simples.

5. Estrutura

Salustri e Hyams levantam uma questão quanto a razão de em algumas línguas os infinitivos serem usados para expressar irrealis, enquanto em outras as formas imperativas (ou outras) serem utilizadas.
As autoras propõem que a derivação das formas infinitivas é mais econômica do que a derivação de imperativos, porque o imperativo envolve movimento do verbo para projeções mais altas de Mood e Force. Portanto, o infinitivo sempre será a forma usada a não ser que seja bloqueado por alguma razão. Em italiano, elas propõem que o infinitivo tem que checar traços abstratos de Agr. Uma vez que o verbo se move para Agr, T é necessariamente checado e o infinitivo não será usado para expressar mood irrealis. Neste caso, portanto, o imperativo é usado e não a forma infinitiva.

Como isso pode ser aplicado na derivação da diferença entre os verbos simples e com concordância quanto ao uso de imperativos na ASL e na LSB? Quadros (1999) propôs que os verbos simples e com concordância projetam estruturas diferenciadas na LSB (Quadros, Lillo-Martin & Chen Pichler, 2004 estendem esta proposta para a ASL). Quadros apresenta evidências de que a projeção de Agr é necessária para os verbos com concordância, mas não para as sentenças com verbos simples. Nessa análise, os verbos simples não requerem checagem de traços abstratos de concordância, mas sim há um afixo de Tempo que se combina com o verbo por meio da afixação (affix hopping). A estrutura em (12) é proposta para os verbos simples com irrealis.

(12) Estrutura para verbos simples com irrealis

Não há necessidade de usar uma estrutura mais complexa incluindo Força para expressar irrealis, uma vez que os verbos simples podem ser combinados com irrealis sem uma projeção mais alta.

Por outro lado, os verbos com concordância requerem o movimento para as projeções de Agr. Na proposta de Quadros, Agr e T são projetados com verbos de concordância. A estrutura em (13) é necessária para os verbos com concordância com irrealis. Então, uma vez que há necessidade de projeções mais altas de qualquer forma, seguindo a proposta lógica de Salustri e Hyams, irrealis pode ser expresso usando uma forma imperativa.

(13) Estrutura para verbos com concordância com irrrealis (imperativos)

6. Conclusão

Nós verificamos que as crianças adquirindo ASL e LSB usam imperativos com muito mais freqüência com verbos com concordância do que com verbos simples.

Isso é consistente com a Hipótese do Imperativo Análogo, se nós considerarmos os verbos com concordância como línguas do tipo do italiano e os verbos simples como línguas do tipo do alemão.

No entanto, nós verificamos que as criançãs não tem problemas com o uso de formas imperativas irrealis (tanto com verbos simples como com verbos com concordância). Essas formas incluem expressão de futuro e mood e, talvez, algumas delas sejam associadas à irrealis com uma forma específica associada para significar isso: g(wait-a-minute).

Os resultados de nosso estudo oferecem elementos para corroborar a proposta de Quadros (1999) de que os verbos simples e os verbos com concordância apresentam estruturas diferenciadas; em particular, de que os verbos simples não envolvem movimento para projeções de Agr, mas os verbos concordância sim. Então, este estudo é mais um exemplo de que é possível estabelecer uma relação entre as análises gramaticais e os estudos da aquisição da linguagem.

Notas

1 Será mantida a palavra ‘mood’ no inglês. Uma tradução para ‘mood’ no poderia ser ‘estado de ânimo’ associado a ‘irrealis’ para expressar ‘intenções, desejos e vontades’.
2 Ver Quadros e Quer (2009) para uma problematização da relação da trajetória da concordância com a noção de transferência, além de não necessariamente termos ALVO em verbos de concordância, mas sim TEMA.
3 Esses dados foram coletados como parte de um estudo mais geral da aquisição da ASL e LSB, na Universidade de Connecticut, Gallaudet University e Universidade Federal de Santa Catarina em estudos envolvendo o campo da sintaxe. Ver Chen, Lillo-Martin e Quadros (em preparação) para explicações mais extensivas sobre coleta de dados e métodos de transcrição.
4 “Além de usar o gesto com o seu sentido convencional, as crianças surdas também o utilizaram para identificar suas intenções, ou seja, para indicar o futuro imediato”.

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