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Encontros de poesia em línguas gestuais
por porsinal     
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Sexta-feira, 25 de Maio de 2018 às 18:47:36
Nos "Slams do corpo", poetas apresentam trabalhos originais em Libras e intraduzíveis para a língua falada.

Ver alguém a comunicar por meio de línguas gestuais, tornou-se bastante comum nos últimos anos. Desde 2002, a Libras é idioma oficial do Brasil, ao lado do português.

Assim como a língua falada ou escrita, essa modalidade de comunicação tem também o seu ramo literário, que pode ser vista em apresentações de poesia de língua gestual.

A modalidade já é bem desenvolvida nos Estados Unidos, por meio de competições em locais públicos e vídeos no YouTube. De Nova York, o grupo ASL Slam tem milhares de seguidores nas redes sociais e realiza eventos em outros países.

No contexto da poesia, “slam” é um termo primeiramente usado nos Estados Unidos para designar uma competição em que poetas apresentam trabalhos originais perante o público. Além de usar apenas material próprio, os participantes não podem usar objetos de cena nem ter acompanhamento musical.

No Brasil, há alguns anos acontecem os chamados “slams do corpo”, competições de poesia realizadas em Libras. Em 2014, o coletivo Corposinalizante, que três anos antes havia começado a estudar as relações entre a Língua Brasileira de Sinais e a poesia, promoveu um evento desse tipo no Sesc Pinheiros (Serviço Social do Comércio), em São Paulo.

Em 27 de maio de 2018, acontece o primeiro “slam de surdos e ouvintes” do país, desta vez no Sesc Belenzinho. O encontro juntará participantes que se comunicam em Libras e em língua portuguesa.

A poesia Surda

O principal fator que marca uma poesia surda é ela ser formulada diretamente em língua gestual, não passando pelo processo tradutório”, explicou a professora do Departamento de Libras e Artes da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Fernanda de Araújo Machado, em entrevista ao site da instituição.

De acordo com a professora, é assim que ela carrega elementos inerentes aos surdos, relacionados à perspectiva visual e não ao “grafocentrismo” de quem não é surdo. A expressividade e a corporalidade são aspectos fundamentais nesse tipo de poesia.

Para Machado, esses aspectos podem ser explorados “através de seu ritmo, repetição, simetria ou assimetria, metáforas, tudo isso respeitando a estrutura sintática da Libras, compondo as estrofes através das expressões faciais presentes na Libras”.

Muitos poetas surdos preferem que não se traduza seu trabalho para uma língua falada. “A beleza perde-se”, explicou Douglas Ridloff, apresentador do ASL Slam, ao Huffington Post. “Pensem em música. Se uma canção tivesse suas letras removidas, mas a melodia ficasse, o ambiente ainda lá está, mas algo se perdeu. Ou se a melodia é removida, mas as letras permanecem, às vezes a canção perde o sentido”.

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