A ideia não é, porém, nova. Há cerca de um ano, o Governo anunciou precisamente a criação de balcões de atendimento especializados em questões de deficiência, a contratação de intérpretes de língua gestual no Serviço Nacional de Saúde, medidas fiscais mais vantajosas para pessoas com deficiência e o lançamento do sistema de apoio à vida independente. Algumas destas propostas, que o executivo quer concretizar nos próximos anos, já estão a fazer o seu caminho (como o diploma sobre a vida independente, por exemplo).
Na nota que enviou às redacções, o PAN refere que, apesar de "os últimos diplomas sobre a matéria serem de 2004 e de 2006", aquelas "barreiras" continuam a existir ainda hoje em várias instituições públicas. Mesmo na Segurança Social, onde já é possível pedir atendimento em língua gestual portuguesa, o PAN considera que se pode fazer mais e alerta para a espera de “cerca de duas a três semanas” para que aquele atendimento seja marcado, enquanto uma “pessoa sem deficiência simplesmente se dirige ao balcão e é atendida”.
A situação mais preocupante, para este partido, é mesmo na saúde: “Como é que um cidadão surdo comunica com o seu médico e lhe explica o que está a sentir? Ou leva consigo um familiar que possa interpretar o que está a dizer, ou assume a despesa de pagar a um intérprete, ou vai ter muitas dificuldades em comunicar com o médico, assistentes administrativos ou enfermeiros”, lê-se na nota enviada à comunicação social.
“A situação torna-se mais grave ainda em situações de emergência médica, em que a pessoa surda não tem a possibilidade de organizar uma ida ao hospital acompanhada de um intérprete”, acrescenta o partido que alerta para o facto de as barreiras com as quais os cidadãos com deficiência se deparam não serem “só arquitectónicas, são também sociais, culturais e políticas”. Enquanto essas dificuldades não forem resolvidas, termina o PAN, “não podemos dizer que vivemos numa sociedade igual e justa para todos os cidadãos”.