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Alunos da escola do 1º Ciclo do Bombarral aprenderam língua gestual para integrar um colega com surdez severa
por porsinal     
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Domingo, 20 de Julho de 2014 às 02:24:52
A turma da professora Margarida Nunes, da Escola do 1º Ciclo do Bombarral, desenvolveu, ao longo dos últimos quatro anos, o projecto “Falar e ser ouvido” que resultou na integração, com enorme sucesso, de David Silva, um jovem com surdez severa.

Deparando-se com o problema do pequeno David, “tivemos a necessidade de arranjar alternativas, que passou pelos restantes alunos da turma aprenderem Língua Gestual Portuguesa, ajudando assim a integração do seu colega”, explicou a docente.

Embora tenha sido proposto a sua integração numa escola especial, “a mãe do David não aceitou”, considerando que com esta solução “nunca iria conseguir ter uma linguagem oral”, referiu Margarida Nunes.

Neste processo de integração, a docente destaca o contributo da mãe do David, do Agrupamento, dos professores de educação especial e das próprias crianças que “se empenharam e entusiasmaram pela Língua Gestual Portuguesa, ao ponto de hoje todos conseguirem comunicar através desta língua”.

Em resultado do empenho de todas estas pessoas, quatro anos depois “o David consegue falar, consegue fazer a leitura labial e desenvolveu de uma forma extraordinária a linguagem oral”.

No que diz respeito à reacção dos restantes alunos em relação ao David, Margarida Nunes refere que foi “muito bem aceite e teve sempre uma grande ajuda por parte dos colegas”.

A título de exemplo, a docente explicou que “no segundo ano, quando íamos à biblioteca ouvir uma história, os colegas, sabendo que o David não conseguia ouvir, tentavam explicar-lhe a narrativa em língua gestual”.

Como sublinhou, “a equipa de médicos que segue o David no Hospital de Santa Maria deu os parabéns ao Agrupamento, porque tem feito coisas inacreditáveis que eles nunca imaginariam que era possível tendo em conta o seu problema de surdez”.

Depois um primeiro ano de experiência, o gosto pela Língua Gestual Portuguesa acabou por chegar a uma outra turma, mas neste caso coube aos próprios alunos da professora Margarida Nunes a tarefa de ensinar os colegas.

No que diz respeito à mãe do pequeno David, a decisão de colocar o filho numa escola especializada nunca foi ponderada, considerando Cristina Silva que se tal tivesse acontecido não se verificaria uma evolução tão positiva e que hoje lhe permite, por exemplo, integrar uma equipa de futsal.

Sei de casos em que este apoio não existiu e as crianças acabaram por ficar em casa, sem a socialização que deviam ter”, acrescentou.

Ao fim dos quatro anos, Cristina Silva destaca “a adesão e sensibilidade dos professores para o projecto”, bem como o facto dos pais dos outros alunos “terem aceite que os seus filhos se sensibilizassem para o problema do David”.

Da parte do pequeno David, houve desde logo um grande entusiasmo e satisfação “por ver os colegas tão interessados em aprender uma língua de que ele precisava para comunicar”.

Neste processo de integração, a progenitora salienta o “empenho dos professores, dos alunos, das famílias e do próprio Agrupamento, cujo apoio foi fundamental para as coisas avançarem”.

Sobre o futuro do projecto, Margarida Nunes afirmou haver interesse por parte de duas turmas, um do pré-escolar e outra do 1º ciclo, em prosseguir com o ensinamento da Língua Gestual Portuguesa. “É uma segunda língua que nunca mais vão esquecer”, concluiu.

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