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Prof. Fernando Capovilla defende escolas específicas bilíngues para crianças surdas
por porsinal     
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Segunda-feira, 12 de Novembro de 2012 às 23:21:29
Fernando César Capovilla, psicólogo do Laboratóro de Neuropsicolinguistica Cognitiva Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, no Brasil, derruba com fortes argumentos a política de inclusão adotada pelo Ministério da Educação para crianças surdas.

Crianças e jovens surdos aprendem mais e melhor quando frequentam escolas bilíngues. É o que mostra pesquisa do professor da Universidade de São Paulo Fernando Capovilla, que desde 2001 vem avaliando surdos entre seis e 25 anos.

No estudo, alunos surdos são submetidos a testes sobre compreensão de leitura, vocabulário e memória. Entre os 9,2 mil já avaliados, os melhores resultados foram dos que frequentaram escolas bilíngues, onde os alunos são surdos e, em muitos casos, os professores também, exigindo o maior uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Psicólogo, Capovilla defende ensino em tempo integral e alfabetização em Libras, o que auxilia na leitura labial e na apreensão gradativa do português como segunda língua. Por isso, as aulas para as crianças surdas deveriam ser integralmente em Libras até o 7º ano do ensino fundamental, quando já se adquiriu mais vocabulário.

Ele é a favor de uma “inclusão programada”, na qual alunos surdos só convivem com os demais quando já conseguem se comunicar por Libras, português escrito e leitura labial.

Para ele, o modelo de ensino do Ministério da Educação para surdos em escolas regulares é equivocado. Ele entende que a cultura surda é depreciada, intérpretes escolares não têm formação adequada e o tempo para aprender Libras é pequeno. "A língua materna, de sinais, é que deve servir de ponte para a introdução do português. Mas, como as crianças custam a aprender Libras, ela tem sido uma ponte quebrada."

Separação não prejudica convívio social

Ph. D. em Psicologia, Fernando Capovilla considera que uma comunicação prejudicada dos alunos surdos com colegas e professores desde o início da vida escolar pode acarretar problemas comportamentais e psicológicos, como isolamento, distúrbio de personalidade e sensação de inadequação ao meio social.

A coordenadora do curso de Libras da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Patrícia Rezende, concorda. Ela lembra as dificuldades de ter sido alfabetizada, mesmo sem escutar, em uma escola regular.

Na época não tinha intérprete. Eu me sentia como o patinho feio”. Para ela, uma escola bilíngue exclusiva para surdos não prejudicaria o convívio social de crianças e jovens, afinal, o surdo é cercado por ouvintes na família e em vários contextos.

Patrícia é representante catarinense da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) e foi uma das organizadoras da manifestação pela defesa de escolas bilíngues dos dias 19 e 20 de maio, em frente ao Ministério da Educação, em Brasília. Junto com a presidente da Feneis, Karin Strobel, Patrícia defende um projeto para implantação de sala bilíngue em séries iniciais de ensino no Colégio de Aplicação da UFSC. Se aprovada pela universidade, a sala bilíngue deve ser aberta já em 2012.

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