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III Colóquio Língua, Discurso e Poder: Políticas para Surdos no Estado de São Paulo
Sábado, 14 de Abril de 2018   •   2018-04-14 00:00:00
III Colóquio Língua, Discurso e Poder: Políticas para Surdos no Estado de São Paulo

Organiza��o: UFSCar - Universidade Federal de São Carlos

Local: Anfiteatro Bento Prado Junior em São Carlos
   Brasil

Devido a necessidade de discutir o estatuto linguístico da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no campo das Ciências Humanas, especialmente na Linguística e na Educação, o Grupo de Estudos Discursivos da Língua de Sinais (GEDiLS), sob responsabilidade dos professores Vinicius Nascimento e Vanessa Martins do Departamento de Psicologia, propõe um colóquio que visa debater, de um ponto de vista filosófico, linguístico e educacional a inserção desta língua na comunidade científica. Este ano agregamos a participação do Grupo de Estudo sobre Educação e Filosofia da Diferença (GEEFiDi), sob coordenação da professora Vanessa Martins. A terceira edição do evento discutirá sobre as políticas para surdos no estado de São Paulo e os desdobramentos e ações no campo da educação, saúde e políticas linguísticas.

Diante das reivindicações legais efeito das produções discursivas e de lutas das comunidades surdas e de pesquisadores envoltos à temática da surdez numa vertente cultural há a emergência de políticas linguísticas baseadas na legislação que reconhece a língua brasileira de sinais (Libras) como língua oficial da comunidade surda, sendo esta língua de instrução para os educandos. Vale ressaltar o marco histórico e as mudanças discursivas necessárias para o surgimento da legislação que temos atualmente: o processo de despatologização da surdez e a abertura de um olhar antropológico e linguístico às comunidades surdas.

A educação de surdos está atrelada a várias concepções que circunscrevem modos de conceber a linguagem e a relação sujeito/língua. Há um discurso que alça a surdez numa perspectiva da deficiência e diante desta visão as práticas educacionais se voltam para um fazer reparador. E ainda, toma-se a língua de sinais como pantomima que serve para comunicação de modo temporário: até que se aprende a oralidade, transitando para a língua portuguesa. Nessa ótica, a surdez pode ser "curada" por meio de exercícios fonoaudiológicos, uso de aparelhos de amplificação sonora, aprendizado da leitura labial, entre outras estratégias que suavizariam a diferença entre ser surdo e ser ouvinte. Em contrapartida a esta vertente há uma concepção que toma a surdez como diferença cultural e linguística e, portanto, não visa o reparo do surdo por meio do acesso a língua oral da comunidade majoritária, mas prioriza o aprendizado da língua de sinais por entender ser esta língua mais natural, não apresentando nenhum impedimento orgânico para sua aquisição. Esta abordagem entende a especificidade cultural e linguisticas de pessoas surdas que se subjetivam por meio de uma língua de modalidade espaço-gestuo-visual e constroem em si experiências visuais muito distintas das pessoas ouvintes, portanto, uma distinção entre sujeito/ligua(gem). Aqui marca-se o discurso da língua de sinais como língua com status de língua como outra qualquer.

É diante deste movimento de rompimento e inauguração discursiva, mais o marco legal que as universidades se veem obrigadas a repensar o currículo de alguns cursos, especificamente, os da licenciatura, promovendo a inserção da disciplina de Libras em sua grade; bem como a implementação de cursos de formação para tradutores e intérpretes e professores bilíngues. A Libras passa a ter visibilidade na academia e deve ganhar espaço institucional. O curso de bacharelado em tradução e interpretação em Libras/ Língua Portuguesa nasce deste movimento de necessidade formativa de profissionais para a área da surdez, bem como, articulação do governo no fomento e investimento na área de acessibilidade. Sabe-se que para as ações políticas se legitimarem como práticas institucionais há que se reconfigurar os saberes postos e produzir novos olhares sobre as produções já existentes. Neste caso, assumir a Libras como língua, conforme consta na legislação, mais do que apontar as Leis envolvidas, é ofertar espaços de circulação numa relação igual as demais línguas já legitimadas. Por isso, o evento proposto "Colóquio sobre língua, discurso e poder" tem como objetivo promover um diálogo entre a linguística e a filosofia no pensar a potente presença da Libras na universidade, e com isso, os desdobramentos que essa língua infere na produção de mudanças discursivas, bem como a necessidade de integração entre diversas áreas da universidade para potencializar a visibilidade desta língua de modo mais ético.

email: vanymartins@hotmail.com
website: https://politicaparasurdos.faiufscar.com/
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