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Implante Coclear: Normalização e resistência surda
Publicado em 2013
Editora CRV
  Patrícia Luiza Ferreira Rezende
Ciências Sociais

Descrição

Implante coclear: normalização e resistência surda é um livro que não deixará os leitores indiferentes às formas de condução das famílias de crianças surdas para o implante coclear. Não só pelas discussões sobre a diferença surda e sobre a produção da (a)normalidade forjada historicamente no jogo discursivo que circunscreve a surdez, os sujeitos surdos e o direito à diferença, mas, também, pelo posicionamento firme de sua autora.

Patrícia Rezende traz neste livro a tensão entre surdez como deficiência e surdez como marca visual de uma diferença. É inegável, se estivermos amparados em discursos médicos, que a surdez é uma deficiência. Todavia, é inegável, se estivermos amparados em discursos antropológicos e sociais, que a surdez é uma marca no corpo que informa e permite a construção de uma diferença cultural. Não se trata de fazer escolha por uma ou outra situação, mas se trata de uma luta pelo direito de dar oportunidade aos indivíduos com surdez de se identificarem com pares surdos.

Possibilitar desde o mais cedo possível a aproximação de crianças e jovens surdos de outros surdos é condição mínima de educar para que no futuro, estas pessoas possam escolher como desejam viver ou que forma de vida querem levar. Portanto, não se trata de negar a surdez, nem tampouco de negar o papel da medicina ou dos avanços tecnológicos do presente que são capazes de facilitarem e darem qualidade à vida humana, também não se trata de fomentar inconsequentemente a contrariedade surda aos processos de normalização.

Trata-se de repensar o ímpeto e o direito, mesmo que seja familiar sobre o filho, de decidir pelo outro a forma e a condição de vida que este terá. Assim, este livro forte, polêmico e que mescla história de vida, de luta, de curiosidade e compromisso acadêmico não é uma construção que pode ser classificada como de oposição às práticas que produzem o implante coclear. Ele é, conforme expressão da autora, o esparzir das vozes de seu povo.

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