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Ronice Müller de Quadros
Ronice Müller de Quadros
Professora e Investigadora
Phrase Structure of Brasilian Sign Language
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Publicado em 1999
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Faculdade de Letras - Curso de Pós-Graduação em Letras
Ronice Müller de Quadros
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Resumo

Este trabalho apresenta uma visão geral da estrutura sintática da língua brasileira de sinais (LSB), com o objetivo de delinear a arquitetura da estrutura frasal desta língua. Para isso, nós analisamos os fatos que envolvem desde a ordem das palavras às operações sintáticas envolvendo posições A e A’. Nós iniciamos a investigação com a ordem das palavras analisando a interação de elementos sintáticos, tais como, advérbios, modais, auxiliares e negação. Através da interação destes elementos na oração, nós determinamos a posição sintática das categorias argumentais na LSB. Além disso, analisamos os fatos relacionados à aparente flexibilidade observada na ordem das palavras nesta língua. Concluímos que, apesar de observamos mudanças na ordem das palavras, esta língua apresenta uma ordem básica SVO, o que leva-nos a assumir que tal língua é categorizada como língua de núcleo inicial. Assim, propomos uma representação da estrutura frasal para a LSB como resultante de um conjunto de projeções de Tempo e Concordância no espírito de Pollock (1989), mais tarde refinada por Chomsky (1991) e Chomsky e Lasnik (1993). Apesar dessa representação ter sido delineada, observamos a existência de uma assimetria entre duas classes verbais que parecem gerar diferentes representações da estrutura frasal na LSB. Portanto, torna-se necessário rever a representação da estrutura proposta considerando um leque maior de construções que envolvem tal assimetria. Essa assimetria foi observada entre duas classes verbais na LSB: non-plain e plain verbs, ou seja, verbos com e sem concordância, respectivamente. Além da assimetria observada no nível morfológico, também identificou-se diferenças na estrutura sintática. Assim, determinou-se uma representação dupla da estrutura frasal da LSB com a divisão de I(nflectional) P(hrase) para sentenças com verbos com concordância (non-plain verbs) e simples projeção de IP para verbos sem concordância (plain verbs). Esta proposta resulta da combinação entre o tratamento dado por Lasnik (1995) à assimetria da morfologia verbal para captar a distribuição morfológica dos verbos em diferentes línguas e o parâmetro para concordância proposto por Bobaljik (1995) que acomoda diferenças entre a manifestação de concordância entre as línguas. A representação dupla resulta da interação de traços que, quando inseridos na derivação, derivam estruturas frasais específicas. Estes traços são intrínsecos dos verbos non-plain, verbos que projetam a categoria de concordância na estrutura frasal. Estendemos tais análises a outras línguas observando alguns fatos empíricos. Concluímos o quadro das estruturas frasais na LSB observando construções interrogativas, topicalizações e construções focalizadas. Tais descrições oferecem subsídios para determinação da representação completa da estrutura frasal da LSB, incluindo as categorias funcionais projetadas relacionadas às posições não argumentais. Além disso, esta representação oferece suporte adicional para estrutura básica SVO, uma vez que todas as mudanças da ordem das palavras resultam de operações relacionadas à checagem de traços. As estruturas frasais delineadas para a LSB observam os princípios da estrutura frasal pura (Chomsky, 1995b). Neste sentido, há vantagens na nossa proposta que podem ser revistas na língua de sinais americana (ASL). Por exemplo, a posição de CP na ASL ainda é motivo para debates entre os pesquisadores americanos. Neidle, Kegl, Bahan, Aarons e MacLaughlin (1997) e Petronio and Lillo-Martin (1997) apresentam diferentes análises da estrutura frasal desta língua que não são compatíveis com os princípios da estrutura frasal pura, uma vez que ambas análises apresentam projeções híbridas de núcleos incluindo posições finais e iniciais. Além disso, a proposta baseada na assimetria dos verbos na LSB, talvez possa ser analisada na ASL de forma similar, apesar das diferenças observadas entre tais línguas que complicam tal proposta para a ASL. Nesta língua, não há a distribuição da negação lexical entre plain e non-plain verbs, uma forte assimetria observada na LSB. No entanto, outras assimetrias entre tais classes verbais são observadas da mesma forma, o que gera polêmica entre as análises propostas para a estrutura desta língua. Talvez nossas análises possam apresentar alguma luz para tais discussões. O caráter ambicioso do presente trabalho apresenta, pelo menos, duas razões: primeiro, a quase não existência de descrições da LSB e, segundo, a necessidade de ter uma representação completa da estrutura frasal desta língua para abrir portas para futuras investigações.

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