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A educação de surdos no Estado Novo: Práticas que constituem uma brasilidade surda
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Publicado em 2014
Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo
Pedro Henrique Witchs
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Resumo

A Dissertação objetiva examinar as práticas que operavam na constituição de uma brasilidade surda, isto é, de uma normalidade surda brasileira. Em busca de práticas que constituem subjetividades surdas ao longo da história da educação de surdos no Brasil, o estudo é interpelado pela conjuntura do período do Governo de Getúlio Vargas que ficou conhecido como Estado Novo (1937-1945): um momento da história do país caracterizado por empreendimentos de modernização, industrialização e urbanização que, em consonância com a reforma do ensino, se mantiveram em estreita relação com o plano de nacionalização. Para tanto, foram analisadas cinco fontes documentais mantidas pelo acervo histórico do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), primeira instituição que se dedicou à educação de surdos no Brasil, a saber: o manual Pedagogia emendativa do surdo-mudo (1934), o relatório Atividades e documentos estatísticos do Instituto Nacional de Surdos-Mudos (1937), a reportagem O Instituto Nacional de Surdos-Mudos (1942), o manual Vamos falar – cartilha para uso das crianças surdas brasileiras (1946) e o relatório Os surdos-mudos no Brasil segundo o Censo Demográfico de 1º de setembro de 1940 (1948). A partir da perspectiva teórico-metodológica dos Estudos Foucaultianos em Educação, valeu-se do conceito de governamentalidade como uma grade de inteligibilidade pela qual a leitura do material foi realizada. Destaca-se, no corpus de análise, a importância da formação de saberes estatísticos e médico-pedagógicos sobre a surdez e sobre os surdos para o estabelecimento de normativas educacionais que regulassem o comportamento desses sujeitos em direção a uma normalidade possível de ser governada. Propõe-se, nesse sentido, entender a normalização de surdos, por meio de técnicas e estratégias precisas para exercer um governamento linguístico, como um modo pelo qual a identidade nacional poderia ser atrelada a um sujeito surdo almejado e conveniente aos interesses do Estado Novo. Os surdos, uma vez usuários da língua vernácula, deixariam de ser “estrangeiros” para se tornarem cidadãos governáveis, aptos a ingressar na esfera produtiva que faria do Brasil um país moderno.

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