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Élida Rafisa
Élida Rafisa
Coordenadora de Gestão Ambiental
A Educação Ambiental na perspectiva da educação inclusiva de surdos
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Publicado em 2011
Educação Ambiental: responsabilidade para conservação da sociobiodiversidade. João Pessoa: Editora Universitaria, v. 1, p.1583-1588
Élida Rafisa
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Resumo

O presente trabalho tem por objetivo fazer uma discussão teórica sobre a EA na perspectiva da educação inclusiva de surdos. Para tanto, inicialmente, faz uma discussão sobre inclusão, procurando diferenciá-la de integração. É destacado que a inclusão não deve ser algo imposto, mas vivenciada de forma rotineira e espontânea tanto no interior das escolas como fora delas. O artigo também discorre sobre a surdez destacando que a diferença entre a criança surda para a criança ouvinte está no domínio da linguagem refletida no desenvolvimento intelectual e social. Seguindo o fio condutor da análise, é feito um breve resgate histórico da educação de surdos no mundo, para, ao final, abordar a EA sob uma perspectiva inclusiva, sendo um processo participativo, onde o estudante deve ser encarado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes que indicam uma conduta ética e cidadã. O trabalho é parte do esforço teórico que compõe a primeira etapa da pesquisa em andamento e, dessa forma, expressa os caminhos que serão percorridos na próxima etapa, concernente à aplicação da pesquisa numa escola pública da cidade de Recife.

Introdução

O presente artigo faz uma abordagem teórica da Educação Ambiental (EA) na perspectiva da Educação Inclusiva de surdos. Tal esforço corresponde à etapa inicial da pesquisa atualmente realizada junto ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), no curso de Gestão Ambiental. Os aspectos aqui levantados apontam o percurso teórico utilizado pelos autores no intuito de apresentar novas possibilidades de trabalhar a Educação Inclusiva enfatizando a questão ambiental como uma dimensão imprescindível para a promoção de uma escola pautada na cidadania.

Na sociedade atual, observa-se cada vez mais uma mobilização das escolas diante do novo modelo escolar, já que a inclusão dos alunos Surdos nas salas de aulas, de ensino regular vem aos poucos ocupando espaço institucional, quer no ensino básico, fundamental, médio e superior. Esse movimento tem obrigado as instituições educacionais a refletir sobre princípios desse novo paradigma, que vai desde a convivência com esses alunos em um mesmo espaço, até uma mudança na organização de todo o trabalho pedagógico quer em ambientes escolares da educação infantil, fundamental, médio ou universitário.

No Brasil, as experiências de inclusão escolar envolvendo crianças Surdas no ensino regular, ainda são muito iniciais, e questões básicas dependem de suas respostas. Por este motivo, todo estudo que tenha por finalidade trabalhar aspectos inclusivos desse novo modelo serão sempre bem vistos.

Diante deste novo contexto, a educação de Surdos vem se constituindo em estudos e preocupações tornando maior cada vez mais os diversos olhares voltados para a temática da inclusão.

Um fato é indiscutível, hoje, as famílias estão cada vez mais conscientes de que seus filhos devem ser tratados como pessoas socialmente ajustadas e capazes de contribuírem dentro de suas limitações para que a socialização e educação se deem de forma sistematizada, gradativa e eficaz. Para tanto, a inclusão dessas pessoas encontra-se diretamente vinculada à qualificação profissional dos professores, uma vez que esse profissional é uma peça muito importante no conjunto que movimenta todo o sistema educacional.

Isto não fica para trás quando se trata da EA. Pois dentro de uma politica totalmente voltada para o contexto da inclusão social, por que não tratar da Educação Especial/Inclusiva, mais especificamente a Educação de Surdos.

Segundo Carvalho (2001) a EA vem sendo incorporada como uma prática inovadora em diferentes âmbitos. Neste sentido, destaca-se tanto sua internalização como objeto de políticas públicas de educação e de meio ambiente em âmbito nacional, quanto sua incorporação num âmbito mais diversificado, como mediação educativa, por um amplo conjunto de práticas de desenvolvimento social.

Uma reflexão sobre a inclusão

A história da inclusão vem sendo discutida há vários anos, buscando sempre que todos igualmente sejam tratados com o devido respeito. No Brasil, somente no século XX começou a se pensar em prol da inclusão, da integração harmônica entre os diferentes. Uma das dimensões do processo de inclusão social é a inclusão escolar, conjunto de políticas públicas e particulares de levar a escolarização a todos os segmentos humanos da sociedade, com ênfase na infância e juventude. Para Mantoan (2005, p. 24), uma das defensoras da educação inclusiva no Brasil, a inclusão:

É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até mesmo na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já a inclusão é estar com, é interagir com o outro (MANTOAN, 2005, p. 24).

Nas últimas décadas, muito se tem falado sobre a inserção social de todos nos mais diversos domínios sociais. Porém tais domínios sociais não encaram “a deficiência” frente a frente integrando-a em seu cotidiano de uma forma espontânea. Pelo contrário ela incomoda, pois as pessoas estão constantemente sujeitas ao “olhar do outro” carregado de preconceitos. Podemos perceber isto por meio dos vários movimentos de pais de estudantes sem deficiência, que não admitem a inclusão, por acharem que o rendimento de seus filhos não será satisfatório pelo fato de haver crianças especiais em sala de aula. Isso nos leva a perceber como apesar de muito se ouvir falar da inclusão, ela está difícil de ser incluída nos diversos domínios sociais.

Muito se tem feito a favor da inclusão e muito ainda tem que se fazer, pois se observa o preconceito impregnado mesmo naqueles que dizem que não ter. É necessário que se haja uma reformulação das mentes em conjunto com as instituições como afirma Morin (2001), que, para se reformar a instituição, temos de reformar as mentes, mas não se podem reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições.

A palavra inclusão ainda não era utilizada na década de 80, ao invés de inclusão usava-se o termo “integração”, que era muito usado pelo Núcleo de Integração de Deficientes (NID) localizado na cidade de São Paulo. Com a fundação deste núcleo, seus membros empenharam-se para que não existisse mais a segregação das pessoas com deficiência. A ideia da integração surgiu para que a exclusão social não mais ocorresse, pois as pessoas deficientes eram tratadas como inválidas ou incapazes de praticar qualquer atividade e de fazer parte do meio social. A segregação existia até nas instituições, oferecendo diversos serviços para as pessoas com deficiência, pois a sociedade não aceitava receber essas pessoas nos serviços existentes na comunidade. Atualmente a segregação ainda é bem presente na sociedade brasileira, seja por meio de escolas que ainda resistem em receber deficientes em suas salas de aula, seja até mesmo por parte de algumas instituições especializadas que fazem um trabalho à parte somente com pessoas especiais, sem terem o contato com outras pessoas. Possivelmente, essas pessoas terão um atraso em seu processo evolutivo, pois não estarão sendo incluídas no meio social.

A inclusão não só é importante para as pessoas deficientes que estarão fazendo parte da sociedade, mas também são de extrema importância para o exercício da cidadania, principalmente quando envolve a sala de aula, pois as crianças saberão reconhecer e respeitar as diferenças. A diferença está presente em todas as pessoas, sendo na cor da pele, na cor dos olhos, nos hábitos e gostos, no tocante ao estilo, enfim, os seres humanos são diferentes e pertencem a grupos variados e com as mais variadas culturas. Por isso é importante que as crianças convivam com portadores de necessidades especiais tanto quanto os ditos “normais”, sabendo respeitar as diferenças de cada indivíduo, sejam elas quais forem, a fim de que se pratique a igualdade. Não é verdade que uma pessoa por ser deficiente não tenha a capacidade de aprender. Experiências têm mostrado que o estudante, independentemente dos déficits físicos e/ou mentais que possa apresentar é capaz de motivar-se e, consequentemente, aprender.

A inclusão é um desafio que quando enfrentado pela escola comum resulta em uma melhoria na qualidade da Educação Básica e Superior, sendo necessário um aprimoramento das práticas escolares e dos professores para que os estudantes com e sem deficiência possam ter o direito a uma educação de qualidade.

Para que a inclusão se torne algo concreto, é necessário levar em consideração toda a trajetória percorrida pelos deficientes nos séculos passados para que não se venham a cometer os mesmos erros em nossos dias atuais. A inclusão não deve ser algo imposto, mas que ela seja vivenciada de uma forma rotineira e espontânea tanto no interior das escolas como fora delas. Por fim, é importante defender que os professores, sempre que possível, deveriam ter acesso aos vários documentos que retratam sobre a inclusão, pois isto é de extrema importância para o aprimoramento de sua prática e capacitação profissional.

Surdez

Para que o Surdo seja incluído na sociedade, é importante que o mesmo possua uma linguagem, comunicando-se com qualquer indivíduo, compreendendo e que seja compreendido. Durante muito tempo, o Surdo foi considerado como deficiente sensorial, motor e mental, exemplificado pelo termo “surdo-mudo”, significando a ausência da audição e incapacidade para articular as palavras.

Analisando a criança Surda e a ouvinte, podemos perceber que fisicamente são iguais; o desenvolvimento motor e mental ocorre da mesma forma. A única diferença está no domínio da linguagem refletida no desenvolvimento intelectual e social da criança Surda. Couto (2000) trata das limitações das crianças surdas em comparativo com as ouvintes:

CRIANÇA SURDA CRIANÇA OUVINTE
1. Vocaliza. 1. Vocaliza.
2. Não balbucia, sendo esta a fase do silêncio. 2. Balbucia.
3. Não compreendem os sinais que antecedem a compreensão da linguagem. Estes somente serão “compreendidos” após um trabalho de estimulação auditiva. 3. Entende situações e sinais que antecedem a compreensão da linguagem.
4. Depois da vocalização, estaciona se não receber educação especializada. 4. Do balbucio, progride ate dominar a língua.
5. Não ouve a voz materna, percebendo apenas sua expressão fisionômica. 5. Ouve a voz da mãe, importante para estruturar seu sistema de comunicação.
6. Não vendo a mãe, sente-se só, pois também não a ouve. 6. Mesmo não vendo sua mãe ouve sua voz, os passos e os ruídos que marcam sua presença.
7. No escuro, seu isolamento é completo, pois a criança não pode perceber os sinais visuais. 7. No escuro, percebe os sons e ruídos.
8. Para entender o que lhe falam, precisa desviar a atenção de seu brinquedo. 8. Pode ao mesmo tempo brincar e prestar atenção ao que lhe falam.
9. É na escola ou no atendimento especializado que ira aprender as primeiras palavras. 9. Vai para a escola dominando enorme vocabulário, além das principais estruturas frasais e grande parte da gramatica da língua.

Quadro 1. Comparativo entre o Desenvolvimento da Criança Surda e Ouvinte. Fonte: Couto (2000)

Educação de surdos e sua evolução

Segundo Goldfeld (2001) e Pereira (2008), nos tempos antigos, o Surdo era tido como um ser incompetente, incapaz para desenvolver atividades intelectuais. Assim os Surdos não tinham direito legais, logo as heranças dos pais não podiam ser passadas para os mesmos. Naquela época, o Surdo era proibido de usar gestos naturais para se comunicar.

Em 1750, na França, surge abade Charles Michel de L’Epée, pessoa importante para a história da educação de Surdos. Ele se aproximou dos Surdos que perambulavam pelas ruas de Paris, aprendeu com eles a língua de sinais com a gramática sinalizada francesa. O abade teve imenso sucesso na educação de Surdos e transformou sua casa em escola pública.

Nessa mesma época, com as ideologias de Heinick, na Alemanha, surgem as primeiras noções do que hoje constitui a filosofia educacional dos Surdos: Oralismo, Bilinguismo e Comunicação Total, sendo Heinick o fundador da primeira escola que trabalhara o Oralismo, ou seja, que se utilizava apenas da comunicação oral na educação das crianças Surdas (CICCONE, 1996).

A partir de 1821, as escolas públicas americanas passam a trabalhar com a ASL (American Sign Language), que sofreu uma grande influência do francês sinalizado. Neste período houve uma elevação no grau de escolarização dos Surdos, que podiam aprender com facilidade as disciplinas ministradas em língua de sinais.

Nesta mesma década, Dorothy Schifflet, professora e mãe de Surdo, passou a utilizar um método que combinava a língua de sinais com a língua oral, leitura labial, treino auditivo, chamado de Total Aproach (Abordagem Total). Mais tarde, Roy Holcon rebatizou para Total Communication, originando a filosofia da comunicação total (STOKOE, 1986).

Somente na década de 70 do século passado que em alguns países se percebeu que a língua de sinais deveria ser usada independente da língua oral, ou seja, em determinadas situações se utilizaria a dos sinais para comunicar-se e, em outros momentos, a língua oral. Com isto, promoveu-se a filosofia do Bilinguismo.

No Brasil nos anos 1990 foi que se teve proeminentemente uma legislação que defendesse a língua de sinais como língua natural dos Surdos e a língua portuguesa como segunda língua, e até hoje são adotadas as três filosofias na educação de Surdos no Brasil.

Educação Ambiental

Segundo Reigota (2009), a EA não é apenas uma transmissão de conteúdos em específico, mas são abordados vários, dependendo da faixa etária a que se destinam e dos contextos educativos que se encontram as atividades.

Simplificando, na EA temos seis objetivos que foram definidos na Carta de Belgrado, que norteiam as atividades de EA:

  1. Conscientização: levar os indivíduos a tomarem consciência do meio em que vivem e a situação que esta compreendendo suas problemáticas.
  2. Conhecimento: levar a total compreensão do meio, dos problemas a ele associados e o seu papel neste contexto.
  3. Comportamento: obtenção dos valores sociais, e o sentimento de interesse ao meio e a vontade de contribuição para sua proteção e qualidade.
  4. Competência: desenvolver a competência necessária a solução de problemas. Nem todos têm competência técnica para resolver os problemas ambientais, então reconhecer essa deficiência e um passo a superá-la.
  5. Capacidade de avaliação: avaliar medidas e programas relacionados ao meio em função de fatores de ordem ecológica, politica, econômica, social e educativa.
  6. Participação: levar a total percepção das responsabilidades e necessidades de ação imediata para solução de problemas ambientais. E procurar estimular nas pessoas à participação na construção de sua cidadania, entendendo suas responsabilidades, direitos e os deveres em um contexto social.

Tomando como base os objetivos acima, Carvalho (2006) fala que a EA é um processo participativo, onde o estudante assume o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem pretendido, participando ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e busca de soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizentes ao exercício da cidadania.

Desta feita, como uma das mais exigidas nos componentes educacionais, a EA busca a democracia de um ponto de vista mais social e ambientalmente estruturado, procurando desenvolver um elo entre Natureza e Humanidade. Mesmo tendo uma visão utópica de sociedade sustentável, a EA seleciona e faz com que interpretamos as ciências de forma mais crítica e responsável para um meio mais desenvolvido e sustentável, onde os aspectos culturais são sim levados em consideração (senso comum e científico). A nosso ver, essa perspectiva de EA é importante base para a Educação de surdos.

A educação Ambiental na escola inclusiva

A escola é o espaço social e o local onde o estudante dará sequência ao seu processo de socialização. O que nela se faz, se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis (FREITAS, 2011).

Com base nisto, Mrech (2005) trata da escola inclusiva como propiciadora da ampliação do acesso dos alunos a sala de aula, a capacitação dos professores, lembrando que toda criança tem seu desenvolvimento característico que não a torna mentalmente incapaz.

Dentro dos objetivos tratados na Carta de Belgrado, vemos que a EA é o tipo de temática transversal e inclusiva, seja social ou escolar, e que objetiva realmente formar o cidadão para ações futuras. Com isso vemos a estrita necessidade de não somente incluir, mas fazer valer o que vem a ser falado como EA e Educação de Surdos.

No ambiente escolar observa-se que a criança Surda quando não dotada do Oralismo, ela retrai-se, pois não consegue ter a comunicação com seus colegas de classe, além da falta de compreensão do que se é dito em sala de aula. Seja por despreparo dos pais, ou da escola, dos profissionais, marginalizando assim a criança Surda e excluindo-a do contexto escolar e social.

Logo após toda essa problemática em relação à inclusão destes indivíduos, vem outra não menos importante: como é trabalhada a EA com os Surdos se a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) não tem sinais que contemplem temas da EA como reciclagem, meio ambiente, e até mesmo o próprio nome EA? Ainda que ainda preliminarmente, temos constatado esse problema na escola onde atualmente pesquisamos a EA inclusiva de surdos, na cidade do Recife (PE). Nesse sentido,

os sinais já existentes dão boa parte da comunicação entre surdos e ouvintes. O paradigma que se vem enfrentando são os sinais disponíveis para esta comunicação quando se é trabalhado a Educação Ambiental. A isonomia entre a EA e a LIBRAS tem sido uma árdua tarefa de anos, pois a criação de novos sinais e disponibilizá-los leva tempo e é necessário que seja integrado ao dicionário. Mesmo assim, não encontramos dificuldades de abordar certas temáticas da EA. [...] a tentativa de comunicação e aprendizagem deles dependem da disposição das palavras utilizada por eles mesmos. Vale salientar que para a criação de novos sinais, é necessário que os mesmos sejam de acordo com o cotidiano deles e de fácil acesso para eles. (RAFISA; LEITE, 2010 p. 9).

A propósito do exposto acima, os autores em contexto propuseram a inclusão de cinco sinais que possam dar o início a este novo elo da EA com a Educação Inclusiva de Surdos, são eles: Educação Ambiental, Reciclagem, Lata, Reutilizar, Saneamento. Esse aspecto é certamente um dos principais elementos desafiadores da EA de surdos. Muitos dos fenômenos que são analisados cientificamente como problemas ambientais ainda não são decodificados através de sinais na LIBRAS. É justamente esse desafio um dos aspectos motivadores para encaminharmos pesquisas e reflexões e práticas sob o manto da Educação Inclusiva de Surdos.

Considerações finais

Com um grande desejo de internalizar a questão ambiental, demanda-se de empenho no fortalecimento das visões integradoras propiciando o repensar ambiental fechando o ciclo de relação homem-natureza e construção do conhecimento para tomada de medidas que minimizem os danos ambientais e globais.

Dentro das mais variadas possibilidades, a EA compõe o quadro da estimulação das práticas sociais e mostra o papel dos professores como mediadores disto, fazendo a solidificação dos conhecimentos práticos-teóricos para que os alunos Surdos não fiquem a margem desta temática, tornando-os capazes de compreensão do que está à sua volta e da responsabilidade como parte do meio, resultando em uma sociedade mais justa ambientalmente.

O resultado de uma sociedade justa é a construção de uma consciência ambiental inclusiva reconhecendo e respeitando as diferenças, assumindo assim a LIBRAS um grande papel na comunicação e viabilizando toda comunicação, interação e institui a personalidade do individuo, a LIBRAS é a língua principal para os Surdos, como na Inglaterra temos o inglês e na Alemanha alemão, porque não respeitar isso e tornar mais fácil a interação social da comunidade surda em geral? Curricularizar a LIBRAS não é tão somente importante como necessário, assim como a EA.

A família tem também grande papel formador da criança Surda, tanto no aspecto inclusivo quanto da proporção da EA. A fluência das LIBRAS para a população geral seria um primeiro passo a quebrar esta primeira barreira social, convergindo para uma consciência inclusiva.

Bibliografia

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FREITAS C.E. Educação Ambiental - Construindo cidadania http://www.cenedcursos.com.br/educacao-ambiental-construindo-cidadania.html Acesso em 25 de junho de 2011.

GODFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio-interacionista. São Paulo: Plexus, 2001.

MANTOAN, M. T. E.; Inclusão escolar: O que é? Por quê ? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2005.

MRECH, L.M. o que e educação inclusiva? Disponível em: http://www.inclusao.com.br/ Acesso em 27 de junho de 2011.

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RAFISA, E; LEITE, B. S. Libras e educação ambiental: a formação dos educadores e os sinais numa perspectiva bilíngue. In: IV Colóquio Internacional de Educação e Contemporaneidade, Laranjeiras – Sergipe, 2010.

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