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Cláudio Mourão
Cláudio Mourão
Professor e Investigador
"Léo, o puto surdo" - Analisando uma obra
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Publicado em 2009
VI Congresso Internacional de Educação - Educação e Tecnologia: sujeitos (des)conectados?, São Leopoldo/RS. Analise do livro:. São Leopoldo/RS: Casa Leiria. v. 01. p. 01-18.
Cláudio Mourão
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Resumo

No Brasil existem milhares de livros de literatura como literatura clássica, fábulas, contos de fada, poema, piada, narrativa, etc. Os leitores buscam os livros para ampliar conhecimento, interagir com as pessoas e trocar informações, idéias e narrativas da vida cotidiana. A maioria das pessoas desconhece os livros de literatura surda e a cultura surda. O objetivo do artigo é analisar algumas das histórias publicadas no livro “Léo, o puto surdo” (2006), que apresenta a tradução do original francês, publicado no ano de 1998, pelo autor francês surdo, Yves Lapalu. É um livro que mostra histórias em quadrinhos que estão relacionadas com a Cultura Surda, contemplando os acontecimentos do menino surdo, Léo. As ilustrações permanecem as mesmas do original francês e a escrita foi traduzida do francês para a língua portuguesa. Analisar este livro, através das ilustrações e dos diálogos, possibilitou aproximar a vida cotidiana de surdos com as narrativas publicadas, reconhecendo que os leitores encontrarão temas da cultura surda.

Introdução

O presente artigo analisa o livro “Léo, o puto 2 surdo” (2006), que apresenta a tradução do original francês, publicado no ano de 1998, pelo autor francês surdo, Yves Lapalu. O autor nasceu surdo, é um talentoso desenhista e foi o primeiro surdo formado na Escola Superior de Artes Gráficas. Faleceu em março de 2001.

É um livro que mostra histórias em quadrinhos que estão relacionadas com a Cultura Surda, contemplando os acontecimentos do menino surdo, Léo. O livro foi traduzido do francês para a língua portuguesa, mas não há tradução para a Língua de Sinais. As ilustrações permanecem as mesmas do original francês, apresentando o menino Léo como personagem surdo. A Língua de Sinais Francesa (LSF 3) é diferente da Língua Gestual Portuguesa, são idiomas diferentes. No entanto, algumas ilustrações apresentam o personagem Léo sinalizando ou utilizando o alfabeto manual – tais sinais são contemplados na tradução que aparece nos balões, que possibilitam a tradução dos sinais (da língua de sinais francesa) para a língua portuguesa. O alfabeto manual de Língua de Sinais Francesa e alguns sinais franceses são semelhantes ao alfabeto manual e aos sinais LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), ficou mais claro o entendimentos das histórias em quadrinhos.

O livro tem 104 páginas, com histórias de humor ou piadas, que coletam fragmentos da vida cotidiana de surdos, que estão inseridos em uma cultura surda.

Os texto a seguir faz o recorte de algumas das histórias apresentadas no livro selecionado.

1. Sozinho, sem entender outra língua...

Cena: “Almoço com a família” (Lapalu 2006, p. 10) (Figura 1)

Comentário: Almoço em família, isto é, um encontro familiar, que pode ser no dias das mães/pais ou uma rotina diária como o café da manhã, almoço, janta, festa familiar, etc. As figuras mostram cinco pessoas conversado normalmente e, às vezes, com a boca cheia; enquanto isso, um surdo não entende a comunicação oral da família. De repente, Léo começou a se comunicar com o papagaio, os dois conversam na língua de sinais, enquanto a família usa a língua oral. Eles ficaram surpresos ao ver os dois conversando na língua de sinais.

Parece piada, mas não é! Isto mostra momentos recorrentes nos encontros familiares. Geralmente, os surdos têm paciência, permanecem sem conversar durante os encontros familiares ou fingem que entendem tudo através da comunicação oral. Em outros momentos, podem não ser pacientes, terminam logo de comer e saem dali para ver um filme legendado, ler livros ou encontrar um surdo, entre outras possibilidades. Em geral, ficam ansiosos para ir à escola de surdos, para acessar a internet e o MSN, enfim, para encontrar pessoas com quem possam compartilhar informações, pois o surdo busca informações visuais: na língua de sinais, em materiais escritos, em figuras. Não pretendo só focalizar que o surdo não entende a comunicação oral, mas o fato é que a maioria das famílias não se comunicam com o surdo através da língua de sinais. Em geral, os familiares se comunicam através da língua falada, com articulação dos sons pausadamente para que surdo entenda, com voz alta (não deviam gritar, pois ele é surdo!)... Desse modo, frequentemente os familiares perdem a paciência, pois não querem perder tempo, mas aproveitar os papos e as novidades de todos, já que há muitos assuntos que são tratados em família. Conforme, Strobel (2008, p. 51), diz:

Na maioria dos casos, com famílias ouvintes, o problema encontrado para esses sujeitos surdos é a carência de diálogo, entendimento e da falta de noção do que é cultura surda. Cite exemplo abaixo:
Em muitas ocasiões eu não entendia o que falavam ao redor da mesa durante as refeições ou durante as novelas na televisão e muita vez implorava às pessoas pela pouca atenção e explicação sobre surdo.

Além dessa possibilidade, há também encontros de família com um único surdo em que, geralmente, o convite para festas, eventos, entre outros, é feito a um (ou mais) amigo surdo ou alguém que saiba a Língua de Sinais, por exemplo, um vizinho ou um intérprete para um bate-mãos 4, evitando assim que o surdo permaneça sozinho durante horas na festa, sem uma comunicação confortável.

Lembro da minha história familiar, dos momentos em que percebi paciência e impaciência, durante a rotina de café da manhã ou almoço, pois na família Mourão, eu era oralizado e não conhecia a língua de sinais. Em vários momentos, percebia que eles ficavam sempre batendo papo, alegres, contando piadas, tratando de negócios, assuntos sérios, fofocas, etc. Eu quase não entendia nada durante a conversa, perguntava para minha mãe ou irmãos “o que vocês estão dizendo”? Eles davam respostas curtas, simples, com “uma ou quatro palavras”, por exemplo “ah! Briga namorado” ou “problema trabalho”, até respondiam “bobagem” no sentido de que o assunto não tinha importância, etc. Eu simplesmente ficava decepcionado, pois eles conversavam durante horas, assim eles me diziam com três palavras, em alguns segundos, imaginem!

Tempos depois, viajei para um outro planeta, de surdos, e descobri que existe uma terra surda, que é meu mundo e que tem a minha língua natural, a língua de sinais, uma língua visual que posso “ouvir”(?) pela visão. Finalmente conheci uma garota surda, e me apaixonei pelo mundo surdo. Na época, minha família queria conhecê-la e fomos a um jantar na casa da minha irmã, com a presença de meus pais, irmãos e sobrinhos. Antes do jantar, meus pais me perguntavam como deviam se comunicar com ela, pois eles não sabem a língua de sinais e tinham medo de não conseguir o contato com ela. Eu dizia assim: “simplesmente usem a comunicação oral e falem devagar como faziam quando eu vivia com vocês”. Bom, no jantar, todos estavam ansiosos para conhecê-la e, logo que sentamos, eu e ela começamos a conversar bastante em língua de sinais, dávamos risadas e estávamos animados... enquanto isso, minha família conversava pela língua oral. Alguns minutos depois, de repente, percebi que eles pararam de conversar e estavam calados, observando a nossa conversa na língua de sinais. Parei um momento, perguntei para todos: “o que houve”? Minha irmã disse que a filha dela estava com vergonha, mas gostaria de saber o seguinte:

- Cacau, nós queríamos saber o que vocês estão conversando?
Fiquei surpreso e falei assim:

- Lembram aquela época em que eu vivia com vocês e eu ficava muitas horas sem participar das conversas, contando com a paciência ou a impaciência de vocês? E vocês agora não têm paciência, nem cinco minutos? Imaginem?

Eles ficaram chocados e sem outras perguntas, começaram a rir.

Não sou o único exemplo, também há muitos outros exemplos de surdos que comentam experiências semelhantes, situações engraçados, que evidenciam a necessidade de manter contato com os surdos para uma comunicação fluente, trocar idéias, manter-se atualizado, divertir-se. Há famílias que compreendem que os filhos surdos optam não permanecer em alguns encontros da família ou festas (com os ouvintes)... Entendem a opção dos filhos surdos quando preferem encontrar outro surdo, para um bate-mão no bar, na associação, na casa de amigos, inclusive durante as festividades de Natal e Ano-Novo. Essa é uma experiência semelhante entre os surdos, por compartilharem a língua de sinais e a cultura surda, por encontrar na comunidade as piadas surdas, a literatura surda, as fofocas surdas, as noticias surdas, os esportes de surdos, o lazer surdo, etc.

No quadro de Léo com a família, aparece Léo e o papagaio se comunicando na língua de sinais. Parece impossível, mas existem papagaios que imitam a fala e repetem algumas palavras. Em se tratando de uma comunicação mais geral, há relatos de pessoas surdas que emitem ordens em sinais para animais de estimação, por exemplo, o dono surdo sinaliza PASSEIO para seu cachorro de estimação, que balança o rabo, feliz e corre até ele para juntos passearem na rua. Não só entende a sinalização, mas também quando alguma visita chega e toca a campainha da casa, o cachorro avisa seu dono surdo que há algo estranho ou algo em movimento, avisando o dono surdo.

Strobel (2008, p. 55) cita o depoimento de uma psicóloga surda sobre o processo aprendizagem do gato dela, que se chama Rony:

Pensei em uma forma de o Rony iria entender o meu comportamento de pessoa surda pois sei que dentro da cultura surda, tem inúmeros casos de animais como: cachorros, papagaios e gatos que tem comunicação visual e forte com os surdos.
...Rony quando mia para mim ele sabe que dou atenção com muitos mimos e carinhos, mas ao poucos foi percebendo que se miasse atrás de mim ou ao lado eu não respondia.
...Rony foi adquirindo o comportamento como passava por trás sem miar, vai na minha frente sem miar se não estiver olhando para ele. Então ele entendeu que seu o olhasse ele miava bem alto e assim ele recebia mimos e carinhos... (Rita Maestri)

Cena: “Cinema em Casa” (Lapalu 2006, p. 25) (Figura 2)

Comentário: Léo e seus pais assistem a TV (sem legendas). Léo pergunta à mãe o que estão dizendo na TV. A mãe responde que explicará depois. Léo não entende nada da conversada entre os atores. Impacientemente, Léo pergunta novamente à mãe, que pede para ele esperar e permanecer em silêncio. Léo cansa e vai para o quarto dele...

Impressionante que esses quadrinhos me trouxeram lembranças da minha infância e certamente há experiências semelhantes com outros surdos. É comum que muitos programas na TV estão sem legendas, por exemplo: algumas novelas não tem legendas, mas aqueles que assistem às novelas fazem inúmeras perguntas aos pais, ou solicitam informações a um colega, em outro dia, sobre os acontecimentos da novela. Isso também acontece com os filmes, seriados... sem legendas. Nós, surdos, temos que sempre tentar adivinhar a ação dos personagens, o que vai acontecer, até observar a expressão facial. Podemos confundir os acontecimentos, as ações, as cenas. É um desperdício de nosso esforço. Quando começou a ter legenda na televisão, como o closed caption, houve uma grande oportunidade de entendimento, tornando satisfatória a recepção dos programas. Quando começou a ter legenda na novela das 21hs, as perguntas aos familiares ou colegas diminuíram! Atualmente, a situação é bem diferente: após a novela, temos assunto para conversar. Existem filmes estrangeiros com legenda, mas falta ainda legenda nos filmes nacionais, pois não podemos ir ao cinema assistir um filme brasileiro, somente filmes estrangeiros. Nós, surdos, raramente assistimos filmes brasileiros, por isso não temos acesso a uma parte da cultura brasileira, pela falta de acesso filmes aos brasileiros. Espero que em breve, seja disponibilizada legenda em português, em todos os programas.

2. Conversar sem parar...

Cena: “Gestuar à chuva” (Lapalu 2006, p. 11) (Figura 3)

Comentário: Léo vai passear, no parque, com um tia surda que encontra uma amiga. Mais tarde, Léo percebe que elas falam tanto... (comunicam-se em língua de sinais). Léo queria ir embora. De repente,o tempo fechou, começou chover... Léo pensou que iriam embora por causa da chuva. Mas Léo ficou surpreso em ver que as duas abriram um guarda-chuva, colocando-o na cabeça enquanto as mãos permaneciam livres para continuar a conversa.

Interessante o guarda-chuva moderno, especial para surdos usarem. Essa cena mostra acontecimentos semelhantes entre os surdos, que levam horas conversando (bate-mão) sem perceber que o tempo passa rapidamente. No bar, na associação de surdo ou em outro lugar, os surdos levam horas num bate-mão, como se não existisse relógio. Se forem filhos surdos com pais ouvintes, em que os pais que não sabem se comunicar pela língua de sinais e utilizam sinais caseiros ou falam com os filhos surdos, que entendem parcialmente o que os pais dizem. Nessas situações, os surdos ficam muito tempo (até uma semana) sem contato com outros surdos e, no final de semana, quando encontram outro surdo, finalmente, eles ficam horas num bate-mão, para recuperar aquela semana inteira, sem saber das novidades, das notícias que passaram. Nesses encontros, os surdos dividem o que se passou, quais foram as notícias da TV, o que apareceu nos jornais ou revistas, quais as piadas, as novidades e as informações que circularam. Há também o caso de surdos que permanecem, no final de semana, em casa com os pais e quando chega a segunda-feira, acordam cedo e saem da cama com ansiedade e alegria, para ir à escola de surdos trocar idéias sobre o final de semana que passou.

Cena: “O telefone surdo” (Lapalu 2006, p. 15) (Figura 4)

Comentário: Quando o telefone tocou, ao mesmo tempo a luz piscou. Léo atendeu o telefone que usa um aparelho adaptado: TDD. Léo está conversando com outro surdo no mesmo aparelho TDD. Passaram-se mais de cinco horas, focalizados e colados no TDD...

Impressionante que em nossa cultura surda, é comum novidades e tecnologia para surdo. Na década de 90, no Brasil, o aparelho TDD era caro, os surdos sonhavam em comprar esse aparelho. Strobel (2008, p.76), descreve o aparelho TDD:

O TDD (Telephone Device for the Deaf) – um pouco maior que o telefone convencional, na parte de cima tem um encaixe de fone e embaixo dele tem um visor onde aparece escrito digitado e mais abaixo tem as teclas para digitar -, instrumentos luminosos como a campainha em casas e escolas de surdos, despertadores com vibradores, legendas close-caption, babá sinalizadores, etc.

Quando surgiu o TDD, telefone para surdos se comunicarem, eles ficavam fixados, durante muitas horas no TDD – isso antes de criação do chat.

Depoimento de uma surda sobre primeira vez que usou o TDD.

Na primeira vez, ganhei o TDD do meu pai, em 1997, comecei usar. Usava bastante para conversar alguns surdos que tem TDD, ficava pouco mais de uma hora, era imensa felicidade. Como após muitos anos sem comunicação “virtual”, somente comunicava surdos na escola e locais onde tem encontro dos surdos, era impossível conversar surdos pelo “telefone”, então TDD era única oportunidade. Como tenho irmão que gastava horas telefonando, um dia, pai foi cobrar a conta que o irmão gastava pelo telefone. Então irmão notou que meu pai nunca tinha cobrado para pagar na conta, me obrigou que eu deveria pagar, o meu pai respondia: Não, ela nunca teve telefone na vida dela, agora ela merece a comunicação. Também ela não ligava todas as horas, era limitação, ligava para quem tem TDD. (Carolina Hessel Silveira) 5

Depois surgiu chat ICQ 6, mais tarde, surgiu MSN Messenger 7, assim diminuiu a compra de TDD, pois nós temos vários motivos para acompanhar as novas tecnologias. Atualmente temos disponível no mercado celular com mensagem, email, etc., são comuns surdos que utilizam computadores e até notebook. Então, no MSN Messenger, os surdos ficam horas sem se preocupar com a conta de telefone. Poucos anos atrás, surgiu a câmera de vídeo (Webcam), em que alguns preferem virtualmente usar a língua de sinais e outros preferem escrever na língua portuguesa (querem aprender mais vocabulário e desenvolver a escrita da língua portuguesa como segunda língua). Vários surdos até fizeram novas amizades em várias regiões ou estados, até que acabam sendo convidados para visitar essas regiões ou estados. É possível até mesmo estabelecer contato com surdos de outros países, através do Gestuno 8 (Língua de Sinais Internacional) pela virtualidade da webcam 9. Uma coisa interessante, que notei ao usar a webcam, é que surdos podem se comunicar com surdos estrangeiros, porque a escrita estrangeira é difícil entender. Citado autora Strobel (2008, p. 77), diz:

E as outras tecnologias que são de domínio da sociedade em geral, mas que são necessárias para o povo surdo, é o meio digital de comunicação em tempo real à distancia, tais como torpedos de celular, chats em internet e muitos sites das comunidades surdas.

Espero que o TDD não seja excluído ou poderá ir ao museu para nossas gerações futuras saberem como era o modelo dos primeiros telefones de surdos.

Cena: “Luzes à noite” (Lapalu 2006, p. 21) (Figura 5)

Comentário: Os pais de Léo alugaram uma casa de férias no campo. Léo convidou um amigo surdo para acompanhá-lo. Certa noite, Léo e seu amigo foram para o quarto para bate-papos; a mãe entrou no quarto e disse: Está na hora de dormir! Apagou a luz, mas eles não podiam conversar sem luz, resolveram ligar a luz do abajur. Infelizmente, a mãe voltou e pediu para desligarem a luz que era muito tarde. Mas eles resistiram, continuaram de outro jeito, com luz de lanternas e outros...

Certamente que faz parte de nossos encontros o desejo de permanecer por longas horas conversando em sinais; os surdos levam horas num bate-mãos e é como se fosse um costume. Alguns surdos chegam a se atrasar em vários encontros, por exemplo: em churrascos, houve surdos que espetavam a carne no espeto, mas continuavam conversando... Como usar as mãos para duas coisas ao mesmo tempo? É possível, mas ocorrem atrasos, já que em situações como essa é preciso observar a carne no espeto e visualizar a comunicação: isso é o cotidiano!

Depoimento da mãe da filha surda:

Minha filha tem uma visita que é surda, conversando nas altas horas, vai até quase 23hs, eu avisei já é tarde, sua amiga precisa ir embora, amanhã você tem aula. Minha filha me respondeu: é cultura surda! Como ela é esperta, mas tive explicar que precisa limitar. 10

Claro que nós temos limites, que precisamos respeitar regras sociais. Mas, o fato é que o encontro entre os surdos e a conversa em língua de sinais captura nossa atenção e interesse, fazendo com que algumas outras coisas sejam colocadas em segundo plano.

Cena: “Uma amizade muito longa” (Lapalu 2006, p. 54) (Figura 6)

Comentário: O Léo e seu amigo surdo comentam que se conhecem desde o nascimento na maternidade, momento em que começaram o bate-mãos. Estavam sempre juntos na infância, adolescência, vida adulta e na terceira idade, imaginando que até no cemitério as caveiras continuariam o bate-mãos.

Neste quadrinho, a ênfase é a amizade entre os surdos, assim como escrevi no anterior sobre os surdos que sinalizam demais, até em altas horas. Essas ilustrações mostram surdos que se conheceram desde pequenos, permanecem durante muitos anos se encontrando. É comum alguns surdos se conhecerem na escola e permanecerem amigos até a 3ª idade, agendando encontros na associação de surdos ou chá na casa de amigas (os), entre outras possibilidades. A autora Strobel (2008, p. 64), diz:

Nos bailes e festas promovidos pelas associações de surdos, geralmente no salão, há poucos sujeitos surdos dançando e a grande maioria está conversando em seus cantos, pois os sujeitos surdos, quando reencontram seus amigos de muitos lugares do país, sentem mais necessidade de colocar em dia as conversas para saberem as novidades do que de dançar.

Cena: “Gestuar ou conduzir, é preciso decidir” (Lapalu 2006, p. 81) (Figura 7)

Comentário: Esses quadrinhos mostram pessoas passando na faixa de pedestres e um carro desrespeitando o semáforo que estava verde para pedestres. As pessoas voaram para todos os lados, evitando atropelamento. Enquanto isso, o motorista do carro estava em bate-mãos com a tia surda e Léo.

Os quadrinhos enfatizam o humor e as situações engraçadas. Obviamente, não é coisa de costume para surdos, realmente não é isso!!! Os ouvintes podem imaginar que se estiverem de carona com um surdo ao volante e se, enquanto ele dirige, pode conversar (bate-mãos) com outros surdos... será que nessa situação, os ouvintes ficariam tranqüilamente sentados atrás ou pediriam que o motorista surdo parasse de conversar para ficar atento somente à direção?

É comum os ouvintes não confiarem no surdo ao volante, justamente porque continuam dirigindo e conversando em sinais. Os ouvintes perguntam: como podem ouvir buzinas? A resposta é simples e podemos perguntar também se os ouvintes podem fechar as janelas do carro enquanto escutam as músicas em volume alto, não ouvindo as buzinas e os sons externos. Isto é, faltam informações para todos entendam que os surdos podem dirigir, desde que devidamente habilitado (regras que são para todos, surdos ou ouvintes).

Trago minha experiência o que me ocorreu no hospital:

Eu e minha namorada, Carolina Hessel, fomos viajar para interior de carro. Eu tive problemas de falta de ar e fomos ao hospital. O hospital era bem antigo. O médico verificou a pressão, etc. até fez muitas perguntas. Carolina me ajudou a responder oralmente e interpretava para mim, pois eu estava doente para responder as perguntas do médico. Na última pergunta, o médico queria saber como viemos parar naquele hospital. Respondi que viemos de carro. O médico ficou calado e olhando cada um de nós, perguntou se podíamos dirigir. Nós ficamos olhando um para o outro (segurando para não rir) e respondemos: “claro, podemos dirigir normal!”.

Cena: “Gestuar ou escalar, é preciso optar” (Lapalu 2006, p. 97) (Figura 8)

Comentário: O quadrinho, em três cenas, mostra a figura de uma escalada, apenas um homem subindo, escalando a montanha. A terceira cena mostra dois meninos surdos conversando, sendo carregados numa corda pelo homem.

É engraçado observar essa história, pois simplesmente eles preferem se comunicar com as mãos do que escalar. Se forem escalar, não podem se comunicar tanto, pois as mãos precisam segurar na pedra para subir. Como os surdos não podem fazer tantas coisas ao mesmo tempo em que estão se comunicando fazem combinações com antecedência, por exemplo, ao segurar objetos (mesa), primeiro combinam para onde levar uma mesa e depois levam a mesa para uma outra direção. Os ouvintes podem levar uma mesa para outro lugar ao mesmo tempo em que estão conversando. Por isso, o homem está emburrado, porque carrega dois meninos que se comunicam.

3. Intérprete não-humano...

Cena: “A porta!” (Lapalu 2006, p. 51) (Figura 9)

Comentário: Léo se encontra com um amigo surdo em uma praça pública, o surdo conta-lhe uma novidade. Diz ele: “quando o telefone tocou, o meu cão correu e me procurou na sala, cozinha etc., lembrou que eu estava no banheiro, correu para lá e abriu a porta que eu havia esquecido de chavear.”

Como eu relatei anteriormente sobre os animais estimação, a autora Strobel (2008, p. 55), diz:

Lá em São Paulo, tem uma família de pai surdo, mãe surda e duas filhas moças surdas, eles possuem um cachorro labrador que entende a comunicação em gestos, quando a moça surda faz sinal de “passear”, o cachorro vibra de alegre indo até a porta, e assim por adiante. Também entende do sinal “fazer xixi”, “tomar banho”, “comer” e até mesmo os sinais de nomes de cada membro de família.

Engraçado analisar as histórias que registram o cotidiano de muitos surdos, que mostram parte de nossa cultura surda. Lembro-me de um outro relato, de um caso que aconteceu com um surdo que se hospedou em um hotel. O recepcionista sabia disso, só que esqueceu de avisar a faxineira que o surdo estava no quarto. Logo que a faxineira abriu a porta e acendeu a luz, o surdo estava deitado e gritou pedindo que a faxineira se retirasse: novamente situações embaraçosas e que causam alguns sustos. Outro caso semelhante: todos os funcionários do hotel sabiam que o surdo estava no quarto. Certa manhã, desconhecendo a cultura surda, eles bateram na porta para ver se estava tudo bem e nada de resposta. Ficaram preocupados e pensaram que o surdo estivesse morto. Resolveram ligar para o presidente da associação de surdos pedindo explicações sobre o que estava acontecendo no hotel. Simplesmente o presidente disse que não havia motivos para preocupação e que o hóspede deveria estar dormindo e não ouvia a batida na porta, pois ele era surdo. Algumas horas depois, o surdo saiu do quarto e foi até a recepção, momento em que todos os funcionários ficaram aliviados!

Existe outro jeito para adaptar a casa para surdos, por exemplo, quando a campainha toca, a luz pisca; quando um bebê chora, a luz pisca; quando um telefone toca (TDD), a luz pisca. Existe até um aparelho com uma lâmpada acoplada (aparelho pequeno, próprio para levar em viagens) que pode ser colocado na porta de quartos do hotel: quando batem na porta, o aparelho capta o som e uma luz começa a piscar. Um outro jeito de usar a tecnologia é carregar um relógio despertador que, na hora certa, começa a vibrar, semelhante aos aparelhos celulares, que são colocados debaixo do travesseiro. Isto faz parte da cultura surda.

Cena: “O cão à escuta” (Lapalu 2006, p. 53) (Figura 10)

Comentário: Léo vai visitar um amigo surdo, para se divertirem com jogos, TV, e tem um cão na casa. O telefone tocou, o cão chamou seu dono, avisando que o telefone tocou. O irmão (bebê) chora no berço, o cão avisa; a campainha toca; a panela de pressão na cozinha faz barulho; enfim, qualquer movimento o cão está atento e avisa seu dono.

Primeiro lugar, nos quadrinhos o cão sinaliza perfeitamente a direção de onde os barulhos provêm, principalmente, o cão utiliza expressão facial e labial “vruuumm” imitando o barulho da panela pressão. É certamente expressão facial e corporal que faz parte da cultura surda e sistema lingüístico como língua de sinais.

Segundo, como expliquei anteriormente sobre animais de estimação, há percepção desse contexto pelos animais, a partir do contato dos pais surdos com filhos surdos, da comunicação na língua de sinais, pois aos poucos o cão percebe que é visualmente pelas mãos que há comunicação na língua de sinais e assim se relaciona com nossa cultura surda. Citação autor Oliver Sacks, (2002, p. 145):

...alguns são cães “de escuta”, outros são apenas... cães. Vejo uma moça fazendo sinais para seu cachorro; este, obediente, deita, rola, dá a pata. O próprio cachorro veste um pano branco com os dizeres, de cada lado: ENTENDO A LÍNGUA DE SINAIS MELHOR DO QUE SPILMAN. (A presidente do corpo diretivo do Gallaudet ocupou o cargo por sete anos sem aprender praticamente nada da língua de sinais.)

4. Preconceito...

Cena: “Coragem para articular” (Lapalu 2006, p. 72) (Figura 11)

Comentário: Tia surda e Léo estavam na rua, no centro da cidade. De repente, um senhor parou e perguntou onde ficava a próxima farmácia. Ela respondeu que era surda, pediu para ele falar novamente. O senhor foi embora, sem mais nem menos... Outra pessoa se aproxima dela e pede-lhe informações, por exemplo: “Senhora, que horas são?”, assim que soube que ela era surda, foi embora... E no ultimo quadrinho, um senhor diz: Por acaso tens fósforo? Cansada, ela não responde e faz uma expressão doida.

Esses quadrinhos mostram situações recorrentes da vida dos surdos. Não há um jeito surdo para todos os surdos, existem diferentes sujeitos surdos e por isso podemos dizer que há identidades surdas e não uma identidade surda. Alguns surdos sabem oralizar, mas quando a voz do sujeito surdo é emitida, as pessoas ficam sem entender completamente ou ficam estranhando, supondo que é um estrangeiro, ou finalmente percebem que é sujeito surdo que oraliza.

Em um programa televisivo da Globo News foi apresentado “Um Programa Especial sobre Surdos”, mostrando surdos interagindo com ouvintes em São Paulo, em junho de 1999 (Figura 12). Esse programa mostrou algumas cenas, por exemplo, um surdo entrando em uma loja, pedindo um livro, conseguindo se comunicar com a atendente na loja. Então, em um outra cena, um surdo pede informações a uma mulher, na rua, mas ela foi andando devagar como alguém que não quer parar mesmo. Um jornalista foi falar com ela:

- Não entendi nada! diz ela.
- Não entendeu nada?
- Não.
- Ele é surdo e está pedindo uma informação para a senhora.
- Ah... contagem 91 bairro saúde. Tem que pegar o metrô, né? Ele quer o metrô saúde?
- A senhora explica para ele, diz jornalista.
- Ele é surdo como que eu... não sei. Hehehe!

Vários casos podem parecer uma indelicadeza no meio do povo ou percebemos que há preconceitos ou as pessoas ficam sem graça, sem mais perguntas, logo vão embora. Pode ser falta de conhecimento da cultura surda ou falta de informações na educação para todos. Citado autora Karin Strobel, (2008, p. 82):

A sociedade muitas vezes afirma que o povo surdo tem sua cultura surda, mas não a conhece. Comentam e afirmam que como na sociedade a maioria dos sujeitos é ouvinte, o sujeito surdo tem que viver e submeter-se a essa maioria que o rodeia.

Outra pessoa surda que sabe oralizar e é também fluente na língua de sinais, apresentou um depoimento:

Um dia, dois amigos surdos foram na loja que é mais conhecida da região; a vendedora atendeu. Um surdo começou a falar. Infelizmente a vendedora não entendeu o que ele dizia, sem perceber que era surdo. O surdo repetiu as mesmas palavras, assim vendedora respondeu e ele não entendeu a resposta. O amigo surdo que estava junto ficou surpreso ao ver que ele estava falando sem avisar que é surdo e sugeriu ao amigo surdo que avisasse que é surdo e pedisse para vendedora papel e caneta para escrever. Isto porque a vendedora pode pensar que o surdo é estrangeiro ou outras maneiras de pensar. Então, o surdo aprendeu. Outro dia, ele foi em outra loja, primeira coisa que ele fez foi sinalizar “Oi, sou surdo”, imediatamente, o vendedor pegou papel e caneta para ele escrever. 11

Cena: “O síndroma do cocktail” (Lapalu 2006, p. 85) (Figura 13)

Comentário: O Léo foi espiar uma festa na sala, viu que a tia surda estava lá conversando com as outras pessoas, então Léo chamou tia surda e perguntou como ela entendia a conversa das outras pessoas? Tia surda diz: “Oh! Finjo que estou a perceber” 12.

Essa é mais uma cena recorrente na vida dos surdos, em encontros da família ou festa dos amigos ouvintes, em escolas comuns (inclusão), faculdades sem intérpretes de língua de sinais etc., como cita Strobel, (2008, p. 101):

...quanto me cobrava a leitura labial, eu arrumava todas as “desculpas” possíveis para escapar daquela situação, inclusivamente disse uma vez que o professor tinha bigode enorme por isto não o entendia. A direção obrigou-o a tirar o bigode, o que ele fez, e fiquei muito sem graça porque continuei não entendendo e para piorar, ele ficou horrível com os lábios muito finos. Então a partir daí desde infância até a faculdade comecei a fingir que entendia tudo.

5. Ouvintes aprendendo Língua de Sinais...

Cena: “Os mistérios da língua gestual” (Lapalu 2006, p. 18) (Figura 14)

Comentário: O professor ensina língua de sinais, a mãe do Léo está presente (loira), ela tem dificuldades em articular, bem como a outra colega que está com raiva, pois não consegue articular os sinais...

Este quadrinho mostra dificuldades em movimentar as mãos, na aula de língua de sinais, situação também relatada por professores ou alunos ouvintes que dizem ter dificuldades na articulação de configurações de mão, por vários motivos.

Algumas pessoas relatam suas dificuldades no aprendizado da Língua de Sinais, necessitando de um tempo maior de prática e imersão na língua. Também relatam a dificuldade de articular simultaneamente à produção dos sinais, a expressão facial, o contexto na frase, etc.

Existem profissionais que trabalham com alunos surdos que apresentam dificuldades em se expressar na Língua de Sinais. Sá analisou alguns enunciados de professoras de surdos que saibam pouco Língua de Sinais (2005, p. 292), partindo de um pequeno texto apresentado ao grupo:

Mesmo que um professor não saiba a língua de sinais, com amor e dedicação ele pode desenvolver um bom trabalho na educação dos surdos.

ENUNCIADOS DOS PROFESSORES:

  • “Concordo. Todo trabalho feito com amor e dedicação é bem feito. Existe aquele que compreende todos os sinais, mas não tem amor no que faz: este educador também não conseguirá fazer um bom trabalho”
  • “Concordo. Tudo vai da dedicação, do interesse e da boa vontade.”
  • “Concordo, a mímica e a encenação ajudam muito o professor”
  • “Concordo. Não conheço tudo sobre a linguagem dos sinais, mas eu conheço alguns sinais importantes e com esforço consegui que eles aprendessem alguns fonemas”
  • “Sim, eu não tenho língua de sinais, mas com muita vontade alcancei uma atuação razoável com meus alunos.

Então, observando as respostas acima das professoras que afirmam ter dificuldades na língua de sinais, elas consideram importante carinho, amor, mímica, etc para “ajudar” os alunos surdos. Visão benevolente, de entendimento da língua de sinais como recurso, desconsiderando que para os alunos surdos, o o entendimento da língua de sinais e uma comunicação fluente são fundamentais, não somente mímica, carinho...

Cena: “Índice Temático” (Lapalu 2006, p. 98)

No final do livro, cada tema que saiu nos quadrinhos do livro “Léo, o puto surdo”, tem toda a explicação do artefato cultural citado, por exemplo, TDD, Alerta vibratório, relógio despertador, Língua de Sinais, Legenda na televisão, etc.

Esse índice temático é importante para que os leitores possam ampliar conhecimentos na cultura surda, tendo acesso a todas as informações sobre formas de atender, reconhecer ou se comunicar com os surdos. O índice temático também auxilia o leitor na identificação de alguns temas e no esclarecimento de algumas dúvidas relacionadas ao entendimento das histórias apresentadas.

Conclusão...

O livro, através de ilustrações e de diálogos bem humorados, apresenta o cotidiano de pessoas surdas, situações embaraçosas, momentos de dificuldades de comunicação com pessoas ouvintes, alternativas e estratégias criadas para “driblar” uma cultura sonora, enfim, narrativas que se aproximam de muitas outras histórias de surdos. Então, nesses recortes apresentados, há possibilidades de cruzamento temático com outras narrativas do povo surdo e da comunidade surda, cuja ênfase está na cultura surda, na identidade surda, e em uma minoria lingüística que usa a Língua de Sinais.

Observei que este livro é espetacular, mostrando a cultura surda, de modo bem animado, valorizando a experiência visual e a Língua de Sinais. É interessante que o autor surdo escolheu várias cenas para mostrar um animal de estimação, um cão que sabe Língua de Sinais e que traduz muitas informações sonoras. A ilustração com expressão facial do cão saiu de modo claro, principalmente quando foi mostrado o sinal “panela de pressão” com um movimento labial imitando o som produzido pela panela.

O autor surdo Yves Lapalu, com o objetivo de ilustrar parte da cultura surda, publicou o livro “Léo, o puto surdo”, sucesso na França e em Portugal para surdos e também para ouvintes. Imagino que os surdos brasileiros vão também querer ler esse livro. Através de situações engraçadas, os surdos estão nas narrativas, permitindo que façam associações e relembrem, através dos quadrinhos, aspectos que fazem parte da cultura surda. Leitura que favorece o alívio do corpo, das mãos e dos olhos.

O livro analisado não é o único livro da editora Surd'Universo, existem outros livros que são vendidos na Europa e EUA. No Brasil, ainda não temos histórias em quadrinhos com essa ênfase e temática desenvolvida. Há alguns livros de literatura surda, escritos por autores brasileiros como Cinderela Surda, (Hessel, Rosa e Karnopp, 2003); Rapunzel Surda (Hessel, Rosa e Karnopp, 2003); Adão e Eva e Patinho Surdo, (Rosa e Karnopp, 2005); entre outros, mas ainda são raros, necessitando aumentar a publicação de livros que mostrem o talento de muitos surdos, que contem histórias e que ilustrem a arte surda.

Notas

2 Puto, tradução em Portugal, aqui no Brasil, é menino ou criança.
3 Língua de Sinais não é universal como outra língua portuguesa, japonesa, inglês, etc. Portanto, LSF é uma língua própria da França e Libras é a língua própria do Brasil.
4 Bate-mãos é o termo bate-papo ou conversados ou comunicar pela Língua de Sinais.
5 Carolina Hessel Silveira - agradeço a ela pela participação do depoimento e contribuição da sua narrativa.
6 ICQ é um programa de comunicação instantânea pela Internet. A sigla em inglês (I Seek You), em português, "Eu procuro você". Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ICQ. Acesso em: 28 de maio de 2009.
7 MSN Messenger é um programa de envio de mensagens instantâneas.
8 Gestuno é uma língua de sinais internacional. O Gestuno não é língua universal, é uma linguagem auxiliar, que não possui gramática própria (a gramática do Gestuno é a gramática das diversas línguas de sinais) e auxilia na comunicação dos surdos em Encontros de Jovens Surdos, Congresso internacional, viagens, etc. Disponível em: http://www.alfabetosurdo.com/ptsign/gestunoorigins.asp. Acesso em: 24 de maio de 2009.
9 Webcam - Webcam (português europeu) ou Câmera de Vídeo (português brasileiro) é uma câmera de vídeo de baixo custo que capta imagens, transferindo-as de modo quase instantâneo para o computador. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Webcam. Acesso em 28 de maio de 2009.
10 Depoimento do sujeito 1, que pediu anonimato. Agradeço pela sua narrativa e contribuição neste artigo.
11 Depoimento do sujeito 2, que pediu anonimato e agradeço pela sua narrativa e contribuição neste artigo.
12 “Finjo que entendo tudo”, no português brasileiro.

Bibliografia

ROSA, Fabiano; KARNOPP, Lodenir. Adão e Eva. – Canoas: Ed. ULBRA, 2005.

ROSA, Fabiano; KARNOPP, Lodenir. Patinho Surdo. – Canoas: Ed. ULBRA, 2005.

SÁ, Nídia Regina Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas, 2006.

SACK, Oliver. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. Tradução Laura Texeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

SILVEIRA, Carolina Hessel; ROSA, Fabiano; KARNOPP, Lodenir. Cinderela Surda. – Canoas: Ed. ULBRA, 2003.

SILVEIRA, Carolina Hessel; ROSA, Fabiano; KARNOPP, Lodenir. Rapunzel Surda. – Canoas: Ed. ULBRA, 2003.

STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2008.

Material analisado
LAPALU, Yves. Léo, o puto surdo. Lisboa/Portugal: Ed.Surd'Universo, 2006.

Noticia na TV
Um Programa Especial sobre Surdos. Globo News – Jornalista Caco Barcellos, ano 1999.

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