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Flávia Machado
Flávia Machado
Professora e Tradutora Intérprete de Libras/Português
Comunidade surda e redes sociais: práticas de regionalidade e identidades híbridas
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Publicado em 2010
Conexão (UCS), v. 09, p. 33-49-49
Flávia Machado
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Resumo

O artigo propõe-se a refletir sobre as práticas de regionalidade existentes na comunidade surda, num contexto cultural gaúcho e caxiense, dando-se ênfase à identidade cultural surda imprimida pelo uso da língua de sinais e aos movimentos políticos e linguísticos em que se insere. Conduz-se uma análise numa amostra de comunidades virtuais no site Orkut, a partir da qual se sustenta a discussão sobre culturas híbridas. Tal pesquisa baseia-se nos estudos sociais e culturais da negação do estigma existencial de uma “identidade cultural pura”, bem como de inúmeras possibilidades subjetivas na cultura surda. Este estudo contribui para o entendimento científico de processos de hibridismo cultural, de integração e transição em mais de uma identidade cultural nas práticas de regionalidade, exercidas em comunidades sociais constituídas na web, especificamente na rede social formada no Orkut.

Introdução

A identidade tem se destacado como uma questão central nas discussões contemporâneas, no contexto das reconstruções globais das identidades nacionais e étnicas e da emergência dos “novos movimentos”, os quais estão preocupados com a reafirmação das identidades pessoais e culturais.
(Kathryn Woodward)

Atualmente, abordar a cultura e a identidade surdas é algo que está presente na educação, na mídia e na política, sendo objeto de estudos, de divulgação e de legislações específicas. Entretanto, os que convivem com a comunidade surda reconhecem, primordialmente, que o uso da língua de sinais se estabeleceu como um meio de expressão e comunicação entre os membros da comunidade. Esse fenômeno linguístico tem atraído a atenção de vários pesquisadores nos âmbitos nacional e internacional com investigações que abarcam a contribuição de diferentes ciências, em caráter multidisciplinar.

Para fundamentar nosso ponto de vista, apresentamos uma análise, em caráter de amostragem, por meio de dados coletados no site de redes sociais Orkut, que tal como outros similares, objetiva que pessoas se conheçam e se relacionem. A análise deste artigo baseia-se em abordagens de alguns autores que destacam, sobretudo, os conceitos de língua, identidade, cultura e comunidade. Relacionamos esses conceitos, no âmbito da comunidade surda e da comunidade ouvinte, pelas práticas de regionalidade que apresentam marcas da cultura gaúcha e da caxiense.

Conforme Saussure (1979, p. 22), a língua é “a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade”.

A partir dessa concepção, que embora se aplique às línguas orais (“signos vocais”), percebemos que, na comunidade dos surdos, esse “contrato” ocorre de forma natural entre os usuários da língua de sinais.

Entretanto, como foco de estudo, no que tange à questão de a língua de sinais ser uma língua natural, pode-se citar Quadros (1997, p. 47), ao destacar que as línguas de sinais “não se derivaram das línguas orais, mas fluíram de uma necessidade natural de comunicação entre pessoas que não utilizam o canal auditivo-oral, mas o canal espaço-visual como modalidade lingüística”. Aqui, compreendemos que a comunidade surda surgiu em virtude da interação entre os usuários do mesmo idioma 4 consolidando uma identidade própria.

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem um papel fundamental na comunidade surda, como uma comunidade linguística. Segundo Gumperz (1984):

Comunidade lingüística é todo aglomerado humano caracterizado por uma integração regular e frequente por meio de um conjunto de signos verbais compartilhado por todos os indivíduos desse aglomerado, distinto de outros aglomerados semelhantes por causa de diferenças no uso na linguagem. (p. 289).

Além dessa definição, acrescenta-se a de Heredia (1989), segundo a qual, em uma comunidade linguística:

seus membros têm em comum ao menos uma variedade de língua e também normas de uso correto, uma comunicação intensiva entre eles, repertórios verbais ligados a papéis e unificados por normas, enfim, uma integração simbólica no interior do grupo ou do subgrupo de referência. (p. 179).

A língua de sinais é de extrema importância para os surdos, da mesma forma que o são as línguas orais para os ouvintes, já que a língua de sinais torna-se fundamental para a construção da identidade dos sujeitos surdos. Segundo Perlin (2001, p. 52), não há um conceito específico de identidade, entretanto “é algo em questão, em construção, móvel, que pode freqüentemente ser transformada ou estar em movimento, e que empurra o sujeito em diferentes posições”. Acrescentamos, ainda, que a identidade surda, por sua vez, começa a se constituir desde que o indivíduo tenha a limitação auditiva, seja essa adquirida ou genética.

Comunidade surda e identidade surda

O que se deriva das definições de comunidade linguística referidas anteriormente é que o uso natural da língua de sinais é parte constitutiva da identidade surda, favorecendo a comunicação e permitindo o senso de pertencimento a uma comunidade que utiliza a mesma língua. Esse pertencimento desenvolverá a identidade cultural da comunidade surda, ou seja: “[a] identidade cultural é formada através do pertencimento a uma cultura”. (Perlin, 2001, p. 52).

Encontramos muitos autores da pós-modernidade que tratam de identidade cultural, entre eles Hall (2006), cujas concepções merecem destaque. Uma dessas concepções é a de sujeito sociológico. Para Hall

a identidade é formada na “interação” entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais “exteriores” e as identidades que esses mundos oferecem. A identidade, nessa concepção sociológica, preenche o espaço entre o “interior” e o “exterior” – entre o mundo pessoal e o mundo público. O fato de que projetamos a “nós próprios” nessas identidades culturais, ao mesmo tempo que [sic] internalizamos seus significados e valores, tornando-os “parte de nós”, contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural. […] [O] sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades. (p. 11-12).

Compreendemos que a identidade cultural está caracterizada em um grupo com o mesmo senso comum. No caso dos surdos, é o uso da língua de sinais que abre possibilidades de suplantar certas fronteiras. Atualmente, tentar definir o que vem a ser a “cultura surda”, conforme os posicionamentos da antropologia, levaria a questões conceituais polêmicas no âmbito dos estudos sobre comunidades surdas, pois, segundo Woodward (2005), a cultura está ligada ao “pertencimento” a algo; o indivíduo afirma sua diferença nas relações sociais e a marca por representações simbólicas, o que contribui para a reafirmação das identidades pessoal e cultural. Portanto, cair-se-ia na necessidade de qualificar a natureza desse “pertencimento” e de distinguir formas de “representações simbólicas”.

Contudo, o intuito deste artigo é menos ambicioso. Pretende-se contribuir com um estudo de amostra restrita e preliminar para alimentar as discussões que têm surgido acerca dos estudos culturais na área da surdez. Um desses estudos encontra-se em Strobel (2009), que assim define a cultura surda:

Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo. […] O essencial é entendermos que cultura surda é como algo que penetra na pele do povo que participa das comunidades surdas, que compartilha algo que tem em comum, seu conjunto de normas, valores e comportamentos. (p. 27).

Este artigo, portanto, desenvolve-se numa perspectiva antropológica da cultura surda, pois, segundo Perlin (2001),

é preciso manter estratégias para a cultura surda dominante de não reforçar as posições de poder e privilégio. É necessário manter uma posição intercultural mesmo que seja de riscos. A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual. Essa diferença precisa ser entendida, não como uma construção isolada, mas como construção multicultural. (p. 58).

Compreendemos que a cultura surda se estabeleceu em função do uso da língua de sinais como um meio de comunicação e, com isso, surgiram movimentos políticos e de caráter linguístico, com o propósito de consolidar e de reconhecer que a Libras é a primeira língua natural 5 da comunidade surda.

Para entender ainda melhor o conceito de cultura surda, buscaram-se outras fontes, tal como Cuche (2002, p. 10), que considera que “a cultura permite ao homem não somente adaptar-se a seu meio, mas também adaptar este meio ao próprio homem, a suas necessidades e seus projetos. Em suma, a cultura torna possível a transformação da natureza”. Além disso, Strobel (2009, p. 21) destaca que o indivíduo, “em seu contato com o seu espaço cultural, reage, cresce e desenvolve sua identidade”, podendo socializar suas manifestações culturais.

Essas definições contribuem para entender os movimentos sociais e os hábitos culturais que os surdos manifestam em suas comunidades: são incisivos em seus argumentos 6 quando legitimam a identidade cultural que possuem como um grupo (numa comunidade) e/ou como sujeitos (cidadãos) na sociedade que produzem e praticam significações nas relações sociais. Assim, segundo Hall (2006) e Cuche (2002), o meio de definir uma identidade cultural é o ato de tentar exaltar, incluir ou segregar a sua marca de diferença na sociedade, assim como acontece com a comunidade surda. Para Woodward (2005, p. 18-19), “[a] cultura molda a identidade ao dar sentido à experiência e ao tornar possível optar, entre as várias identidades possíveis, por um modo específico de subjetividade”.

Nessa direção, Strobel (2009) destaca que a identidade dos surdos está “impregnada na pele” [dos surdos]. Percebemos isso através de manifestações de uma identidade cultural, de uma comunidade que acredita que os seus hábitos e costumes foram gerados pelas conquistas fundamentadas em lutas em prol do reconhecimento da língua, das expressões, das ideologias e das crenças.

Práticas de regionalidade gaúcha e caxiense na comunidade surda: identidades híbridas em redes sociais

Nesta seção trazemos uma amostra de elementos que convergem com as discussões levantadas pelos autores referidos nas seções anteriores. O propósito não é o de problematizar a trajetória histórica e linguística consolidada da cultura surda, mas de ampliar o horizonte de sua compreensão pelo viés da concepção de identidades híbridas, através dos processos de vinculação a práticas de regionalidade na rede social do Orkut. Aderimos à expressão “práticas de regionalidade”, dada por Santos (2009, p. 15), que resulta de uma releitura da concepção de “práticas de espaço” de Michel de Certeau. Afirma Certeau que:

Uma região definida em termos culturais equivaleria, portanto, a um espaço, se a compreendermos como construída por um conjunto de práticas, de ações e relações sociais. Uma região cultural estaria para as delimitações físicas, como o espaço está para o lugar nos termos de Certeau, ou seja, se “o espaço é um lugar praticado”. (2002, p. 202, grifo do autor).

A análise da amostra de dados coletados na rede social do Orkut permite compreender os processos de vinculação criados pela participação nessa rede, os quais podem levar à formação de identidades híbridas no assim chamado “povo surdo” 7.

Esta pesquisa pode ser melhor caracterizada como a base preliminar que ensaia reflexões relativas a formações identitárias e culturais, sobre o modo como se pode, positivamente, analisar a participação da comunidade surda nessas redes sociais, pelo acesso à comunicação via web e pela valorização da língua de sinais, por meio de processos sociais expandidos pelas tecnologias digitais. Trouxemos, assim, para discussão, as práticas de regionalidade de que a comunidade surda tem participado atualmente no Orkut. Como elemento de amostra, identificamos as práticas de regionalidade que esse site disponibiliza aos internautas.

Para esclarecer o conceito de comunidade em rede de relacionamentos, retomamos Wellman e Berkowitz (1988 apud Cost a, 2005) que destacam que cada ser humano tem “uma visão clara da rede de relacionamentos à qual pertence, mas não é possível perceber facilmente a rede à qual os outros pertencem”. (p. 238). Conforme Costa (2005), esses autores

fazem uma análise bem mais complexa do conceito de comunidade, e que nos traz elementos para pensarmos diferentemente esse problema. Eles partem do princípio de que estamos associados em redes, mas por meio de comunidades pessoais. “Enquanto a maioria das pessoas sabe que elas próprias possuem laços comunitários abundantes e úteis”, dizem, elas com freqüência acreditam que muitas outras não os têm. Como evidência, invocam imagens comuns de massas de indivíduos se empurrando e se acotovelando no caminho em ruas abarrotadas, pessoas solitárias sentadas diante da televisão, hordas caminhando nas ruas em manifestações ou fileiras de empregados diante de suas máquinas ou computadores. (p. 237-238).

Para analisar as comunidades do Orkut, a mestranda inscreveu-se no site www.orkut.com, obtendo a sua conta particular. Com isso, enviou convites a vários internautas do site, na tentativa de gerar uma rede de relacionamentos 8 e, com isso, ter a oportunidade de analisar as comunidades das quais participa cada usuário 9. Entretanto, não se avançou no estudo sobre a frequência ou intensidade de participação de cada usuário, em cada uma das comunidades.

Para a amostra dos dados, convidamos dez usuários do site a fazerem parte da pesquisa, todos com o seguinte perfil: idade entre 20 e 35 anos, universitários, gaúchos, residentes em Caxias do Sul e surdos de nascença. Com esse perfil, acessamos o total de 854 comunidades 10 em que os surdos são membros/pertencem à rede de relacionamentos existente no site 11.

Constatamos que algumas das comunidades são comuns entre vários internautas, demonstrando ainda mais os seus interesses em comum. Entretanto, por haver tantas comunidades repetidas e semelhantes, tomamos a liberdade de definir as mesmas por temas em comum, como podemos observar no gráfico a seguir (ver figura 1). 12

Verifica-se, no gráfico 1, que há comunidades explícitas de manifestações de identidade cultural da comunidade surda, tal como aquelas ligadas à família (em que se apresentam discussões de temas relativos a problemas no âmbito familiar, relacionados, por exemplo, à surdez ou ao domínio de Libras); ao aparelho auditivo (posições em geral negativas com relação ao uso desse dispositivo); aos profissionais surdos; ao turismo, esporte e lazer para os surdos; à política (legislação para a área de Libras); comunidade e cultura surda; à educação em surdo (relativa a instituições que trabalham com surdos); à tecnologia acessível; assim como à relação entre ouvinte, surdo e Libras – reforçando a escolha e o apreço aos seus hábitos, costumes, língua, crença e ideais do povo surdo.

De acordo com Woodward (2005), que investiga as relações que existem entre identidade e representações, pode-se afirmar que as relações estabelecidas em termos de identidades representam interesses comuns entre os usuários participantes dessa rede de relacionamento. Diz a autora que

a representação, compreendida como um processo cultural, [...] identidades individuais e coletivas e os sistemas simbólicos [...] ajudam a construir certas identidades de gênero [...] identidades das quais podemos reconstruir para nosso uso [...]. A cultura molda a identidade ao dar sentido à experiência e ao tornar possível optar, entre as várias identidades possíveis, por um modo específico de subjetividade. (p. 17-18).

Entendemos que a identidade e a diferença devem ser examinadas em relação às práticas culturais. Isso foi verificado pelo número de comunidades que os internautas criaram para representar seu estilo de vida e sua política identitária.

Essas manifestações de hábitos e costumes de uma identidade cultural é exatamente o que Castells (2001) discute ao tratar da “globalização induzida pela tecnologia”:

Juntamente com a revolução tecnológica, a transformação do capitalismo e a derrocada do estatismo, vivenciamos no último quarto do século o avanço de expressões poderosas de identidade coletiva que desafiam a globalização e o cosmopolitismo em função da singularidade cultural e do controle das pessoas sobre suas próprias vidas e ambientes. Essas expressões encerram acepções múltiplas, são altamente diversificadas e seguem os contornos pertinentes a cada cultura, bem como às fontes históricas da formação de cada identidade. (p. 18).

A comunidade surda, mesmo marcada por uma identidade cultural ímpar, traz consigo outras marcas de identidade, o que percebemos na amostra quando os surdos transitam, particular e voluntariamente, em outras culturas pelas possibilidades de formação e integração a redes sociais na web. Com isso, acabam assumindo relações identitárias onde há “laços fortes” 13.Os dados coletados na amostra podem revelar práticas de regionalidade gaúcha ou de outras culturas, nas quais os surdos têm se integrado de forma natural.

Nessa amostra, novamente, procuramos separar os eixos temáticos que encontramos em comum nas comunidades virtuais dos membros que participam das práticas de regionalidade, conforme observamos no gráfico 2 (ver figura 2).

Entre as práticas de regionalidade gaúchas que há entre os membros da comunidade surda, encontramos comunidades no Orkut relacionadas às práticas gaúchas, no que tange a discussões sobre a história do Estado (relativas aos líderes revolucionários de dada época ou ao aniversário das cidades); cultura gaúcha (relativas ao uso de trajes típicos, do orgulho de ser gaúcho, da participação em CTGs, das festas típicas e datas comemorativas); turismo, esporte e lazer (relativas ao fanatismo pelos times de futebol do Estado, pelas praias do Litoral gaúcho), além de discussões sobre a gastronomia e a culinária gaúchas (relativas ao hábito de comer churrasco e de tomar chimarrão, por exemplo).

No Estado Rio Grande do Sul, encontra-se uma etnia basicamente europeia (embora existam outras), que apresenta um dialeto “gaúcho” convivendo com outros de descendentes italianos e alemães, com uso de palavras e expressões regionais e, naturalmente, com uma cultura marcante das raízes antigas dos gaúchos que habitavam os pampas 14.

Se formos buscar uma possível resposta ou caminho acerca da identidade gaúcha em outros autores, encontraremos que, “na construção social da identidade do gaúcho brasileiro, há uma referência constante a elementos que evocam um passado glorioso no qual se forjou sua figura”. (Oliven, 2006, p. 66). Dessa forma, podemos dizer que tenha se forjado uma identidade gaúcha, pois foi uma imagem criada para ser divulgada, aceita e assumida como tal, uma imagem representativa de um povo, que construiu uma história, que lutou por ela e continua fortalecendo os hábitos e costumes particulares de sua regionalidade. Conforme Chaves (apud Oliven, 2006), “trata-se essencialmente de um fenômeno ideológico o processo de construção do gaúcho como campeador e guerreiro, inserindo-o num espaço histórico onde os atributos de coragem, virilidade, argúcia e mobilidade são exigidos a todo momento”. (p. 66-67).

Entendemos que ser gaúcho ressalta o conceito de regionalidade, pois, de acordo com Pozenato (2009), a regionalidade

está na representação de um universo regional, feita segundo um modo de ser regional. De maneira simplificada, poder-se-á dizer que a regionalidade repousa sobre uma temática e um modus faciendi regionais, entendido este último não apenas como a utilização de uma técnica peculiar, mas como toda a maneira de se posicionar frente ao mundo, aquilo que se chama comumente “estilo de vida”, e que engloba tanto a práxis como o ethos que a preside. (p. 27).

Embora concordemos com Strobel (2009), em sua posição de que a identidade dos surdos é vista como pura e específica de uma comunidade linguística, onde se reúnem para práticas de sua cultura, deve-se considerar seriamente que, atualmente, as novas tecnologias digitais permitem a todos criarem redes sociais, mantendo essas pessoas conectadas. Por isso, a comunidade surda também tem se inserido nessa cultura digital, tendo a internet como meio para a formação, ampliação e manutenção de redes sociais. O Orkut permite, por sua vez, a integração em e o “trânsito” entre uma grande variedade de comunidades de práticas de regionalidade distintas. Portanto, essas redes sociais de outras culturas permitem o processo de hibridismo das identidades culturais.

Retomando o ponto principal deste artigo, identificamos, em nossa amostra, que a comunidade surda participa ativamente de práticas de regionalidade gaúchas. Os surdos, em suas comunidades, não anulam sua identidade cultural ao tomar um chimarrão da cultura gaúcha, mas é importante entendermos que, no momento que se integram em outra cultura, podem estar assumindo um traço identitário de uma outra prática de regionalidade, fenômeno chamado por alguns autores de “identidade híbrida” ou “cultura híbrida”. Segundo Canclini (2003),

hibridação de processos socioculturais nos quais estruturas ou práticas, que existem de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas. [...] A ênfase na hibridação não enclausura apenas a pretensão de estabelecer identidades “puras” ou “autênticas”. Os estudos sobre narrativas identitárias, com enfoques teóricos que levam em conta os processos de hibridação, [...] mostram que não é possível falar das identidades como se tratasse apenas de um conjunto de traços fixos, nem afirmá-las como a essência de uma etnia ou de uma nação. [...] Estudar os processos culturais [...] serve para conhecer formas de situar-se em meio à heterogeneidade e entender como se produzem as hibridações. (p. XIX-XXIV).

Para compreender e entender o processo de hibridação, Canclini (2003) defende que as pessoas sempre estão numa mestiçagem de cultura, isto é, na medida em que entram em contato com outras culturas, uma toma elementos de outra, podendo o sujeito integrar-se ou transitar entre as culturas.

Nossas amostras (cf. gráficos 1 e 2) revelam a existência dessa identidade cultural híbrida na comunidade surda. Traçamos as práticas de regionalidade de interesse dos surdos, nas comunidades virtuais do referido site, tanto as que se referem a questões da área de Libras, como as relativas aos hábitos e costumes gaúchos. O processo de hibridação ocorre naturalmente entre as culturas, e isso pode ser observado na nossa última amostra, que retrata claramente a prática de regionalidade caxiense.

A partir dos perfis dos indivíduos analisados, as práticas de regionalidade que se estabelecem na região de Caxias do Sul, que fica localizada na Região Nordeste do Rio Grande do Sul, são as mais proeminentes nas comunidades do Orkut, estando relacionadas: à história da cidade, à cultura italiana (discussões sobre festas típicas, descendentes italianos); ao turismo, ao esporte e ao lazer (discussões relativas aos times de futebol da cidade); assim como à gastronomia e à culinária italianas (relativamente ao costume de comerem pizzas, massas, polenta, queijos e de beberem vinhos).

A região da comunidade de Caxias do Sul surgiu, segundo Frosi e Mioranza (2009), pela

imigração italiana no nordeste do Rio Grande do Sul [...] resultado despretensioso de um esforço e da dedicação na tarefa de busca ao passado, que se pereniza na gente gaúcha, no presente, e que tem intenção de, modestamente, contribuir, nesta passagem histórica, registrando características de um fenômeno que a civilização tende a diluir. [...] Uma cultura que subsistiu durante várias décadas, contribuindo amplamente na formação de uma comunidade brasileira que hoje se integra no cenário nacional. ( p. 16-17).

Na região de Caxias do Sul, há, portanto, muitos descendentes italianos, com hábitos e costumes de certas regiões da Itália. Entretanto, os caxienses marcam o seu pertencimento ao povo gaúcho, através de inúmeras práticas de regionalidade. Assim, ao analisar as amostras, percebemos, conforme o posicionamento de Hall (2006), a presença de culturas híbridas como um processo que representa a transição e a integração das identidades culturais.

Podemos pensar em uma identidade híbrida no caso dos dados analisados no gráfico 2, quando as práticas de regionalidade da gastronomia e da culinária italianas da cidade de Caxias do Sul são de interesse de todos os participantes da amostra. Assim, também encontramos, em sua totalidade, no gráfico 3 (ver figura 3), a participação dos surdos nas práticas de regionalidade que envolvem a cultura, o turismo, o esporte, o lazer, a gastronomia e a culinária gaúchas.

Existe um conceito de identidade híbrida que Perlin (2001) reconhece para a comunidade surda, sendo essa, para a autora, constituída por aqueles que nasceram ouvintes e que, por alguma eventualidade, perderam a audição. Essa identidade híbrida, no entendimento da autora, identifica que o sujeito vive constantemente entre a necessidade do uso da língua de sinais como também da língua oral.

Santos (2009, p. 6) destaca que o regional caracteriza-se “por escolhas entre aquilo que é e o que não é, entre o que está dentro e o que está fora – mesmo partilhando o mesmo espaço e integrando a mesma dinâmica cultural – gerando lacunas e silêncios”. Sendo assim, entendemos que a comunidade surda transita e se integra nas práticas de regionalidade gaúchas e caxienses de forma espontânea e natural. Em função disso, levanta-se a possibilidade de o surdo ter uma identidade cultural híbrida, como menciona Hall (2006, p. 74): “[À] medida em que [sic] as culturas nacionais tornam-se mais expostas a influências externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas ou impedir que elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração cultural.”

Conforme já mencionado, a língua está intrinsecamente ligada à cultura, principalmente porque ela é adquirida através de variadas formas e processos de interação social. Nesse sentido, ainda com Hall:

Se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu” [...]. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. [...] À medida em que [sic] os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente. (2006, p. 13).

Contudo, os recortes que apresentamos nos levam a refletir sobre a identidade cultural que a comunidade surda tem como definida e estruturada. Com as pesquisas avançando na área da língua de sinais e da surdez, tomamos a liberdade de problematizar a identidade surda, sob o modo de empréstimos culturais que realizam em outras identidades, quando naturalmente imergem ou transitam nessas práticas de regionalidade existentes nas culturas.

A partir dessas considerações, pode-se dizer que a identidade surda é entendida como relativa a todo sujeito que faz uso da língua de sinais em suas experiências cognitivas, psíquicas e sociais. (Perlin, 2001). Portanto, entende-se o significado de identidade surda como pertencente ao sujeito que usa a língua de sinais e como meio cultural que identifica os surdos em suas comunidades.

Pelos destaques que apresentamos de marca da identidade cultural na comunidade surda e pelos posicionamentos de autores destacados em nossa pesquisa, podemos compreender que o fenômeno da identidade cultural híbrida ocorre naturalmente em todas as culturas existentes na sociedade. Assim, compreendemos, através dos dados coletados, que a comunidade surda se encontra numa mescla de culturas (Canclini, 2003) variada pela própria subjetividade, tendo como elementos da sua identidade a cultura gaúcha e a cultura caxiense.

A identidade cultural híbrida decorre de experiências adquiridas em outras práticas de regionalidade, como, por exemplo, um sujeito surdo, que tem uma identidade surda – faz uso da língua de sinais e manifesta culturalmente as ações políticas da comunidade surda – e, ao mesmo tempo, está inserido, por uma variedade de experiências, em uma região que tem, em sua dinâmica social, um conjunto de práticas, de hábitos e de costumes.

Repare-se que, no momento em que esse surdo habitualmente toma chimarrão, o que mencionamos anteriormente, como prática de sua regionalidade, esse indivíduo está integrado na cultura gaúcha. Por outro lado, outro indivíduo surdo, que pertence a outra região do País (por exemplo), experimenta o ato de tomar chimarrão por curiosidade, entre outras razões possíveis, e não faz desse ato uma prática de regionalidade. Esse sujeito estará apenas “transitando” pela cultura gaúcha, e não, necessariamente, adquirindo para si uma das práticas culturais dessa região. Esse exemplo aplica-se também à região de Caxias do Sul, cuja população tem como tradição certas práticas regionais de culinária, além de festas típicas da cultura italiana.

Estendendo-se essa reflexão para o âmbito de atuação dos tradutores-intérpretes de Libras, encontra-se um outro desafio no posicionamento de Aguiar (2006). A autora coloca em pauta o trânsito entre duas línguas e os deslocamentos entre fronteiras culturais que esses profissionais empreendem. Diz ela:

O fato dos ILS [intérpretes de língua de sinais] transitarem entre duas línguas, traz conseqüências além das habilidades visuais e auditivas, isto é, outras questões entram em cena, [...] uma vez que esses profissionais se deslocam entre fronteiras culturais (de surdos e ouvintes) e se constituem politicamente nesses espaços sociais e culturais que desencadeiam relações amplamente complexas. Relações essas de contestação cultural, de pertencimento ao grupo de surdos são algumas das exigências quando nos posicionamos nas fronteiras entre a LS [língua de sinais] e o português. Esse lugar nem sempre é confortável, pois vivenciamos relações de tensão cultural, em traduzir signos que nem sempre são traduzíveis, de enunciar as diferenças culturais por meio da interpretação, que às vezes se torna limitada. (p. 30).

Os argumentos que a autora apresenta sobre relações de contestação culturais nos permitem concluir que os tradutores-intérpretes de Libras/português têm exercido suas funções profissionais num contexto cultural onde se integram em identidades híbridas. Dessa forma, poder-se-ia levantar a hipótese de que também existem processos de hibridismo nas identidades dos profissionais que mediam, simultaneamente, as línguas em questão e suas práticas culturais.

Considerações finais

Este artigo ensaia uma reflexão sobre práticas de regionalidade existentes na comunidade surda, mais especificamente da cultura gaúcha e da caxiense, indicando que a trajetória dos surdos se destaca, inicialmente, pela construção de comunidades com ênfase em uma identidade cultural imprimida na língua de sinais e nos movimentos políticos a ela associados. A partir da análise preliminar de dados sobre a pertença a comunidades na rede social Orkut, observamos que os surdos aqui pesquisados não apresentam uma identidade cultural pura, pois estão a todo momento num processo de hibridismo cultural, seja ele transitório ou em via de integração entre a cultura surda e a cultura gaúcha e de influência italiana da região de que fazem parte.

A pertença dos surdos a certas comunidades nessa rede social é um indicador de que as expressões povo surdo, comunidade surda e identidade surda demarcam, sem dúvida, territórios relevantes de natureza político-linguística, enquanto sua participação em comunidades virtuais demonstra a expansão dessa territorialidade para práticas identitárias mais amplas, que destacam o papel de uma historicidade que carrega os traços mesclados de sua descendência étnico-cultural, de práticas e regionalidade e de interesses vários em processos de hibridismo. Esses processos merecem mais atenção, em pesquisas futuras, no que concerne ao seu grau de flutuação ou consolidação, e quais são suas implicações para o entendimento do que se tem chamado comunidade, ou identidade surda, em função do acesso progressivo às novas formas de comunicação propiciadas pelas tecnologias digitais via web.

Notas

4 A língua de sinais é reconhecida como a língua da comunidade surda (Lei 10.436, de 24 de dezembro de 2002).
5 Segundo Quadros e Karnopp (2004, p. 30), “uma língua natural é uma realização específica da faculdade de linguagem que se dicotomiza num sistema abstrato de regras finitas, [...] a utilização efetiva desse sistema, com fim social, permite a comunicação entre os seus usuários. [...] As línguas de sinais, portanto, são consideradas pela lingüística como línguas naturais ou como um sistema lingüístico legítimo e não como um problema do surdo ou como uma patologia da linguagem”.
6 Em nossa pesquisa, encontramos a seguinte afirmação de um dos entrevistados, quando da coleta de dados: “Somos surdos, temos uma identidade e uma cultura surda, expressamos isso por meio da Libras.”
7 A expressão “povo surdo”é utilizada por Strobel (2009). Para a autora, “dentro do povo surdo, os sujeitos surdos não se diferenciam um do outro de acordo com o grau de surdez, mas o importante para eles é o pertencimento ao um grupo usando a língua de sinais e cultura surda, que ajudam a definir as suas identidades surdas”. (p. 29).
8 Lévy (apud COSTA, 2005, p. 245-246) “tem defendido a participação em comunidades virtuais como um estímulo à formação de inteligências coletivas, às quais os indivíduos podem recorrer para trocar informações e conhecimentos”. Fundamentalmente, ele percebe o papel das comunidades como o de filtros inteligentes que nos ajudam a lidar com o excesso de informação, mas igualmente como um mecanismo que nos abre às visões alternativas de uma cultura. Assim, segundo Lévy (apud COSTA, 2005, p. 246), “uma rede de pessoas interessadas pelos mesmos temas é não só mais eficiente do que qualquer mecanismo de busca”, diz ele, “mas, sobretudo, [mais eficiente] do que a intermediação cultural tradicional, que sempre filtra demais, sem conhecer no detalhe as situações e necessidades de cada um”.
9 Foi solicitada aos membros da comunidade do Orkut, mesmo sendo essa uma rede social de caráter público, a autorização para navegarmos pelas comunidades de que cada usuário é membro. Assim, todos os convites que enviamos foram aceitos, e os usuários participaram da pesquisa de forma entusiástica.
10 As comunidades acessadas são de cunho público e adicionadas pelo usuário de forma voluntária (por meio de convites).
11 Identificamos que cada usuário pertence a um número variado de comunidades. A média para cada usuário fica entre 5 e 186 comunidades, de acordo com os interesses individuais de cada internauta.
12 Todos os gráficos apresentados aqui são de responsabilidade da orientanda, uma das autoras deste artigo. No Gráfico 1, essas comunidades analisadas são de membros gaúchos e caxienses surdos.
13 Conforme Granovetter (1974 apud COST OST A, 2005, p. 237), “[p]essoas que conhecemos e com quem temos laços fracos, [...] possuem muito provavelmente laços fortes com uma rede [ou] outra que desconhecemos”.
14 A Revolução Farroupilha é um marco emblemático de constante “tensão entre autonomia e integração”, segundo Oliven (2006). Diz o autor que “[a] ênfase nas peculiaridades do Estado e a simultânea afirmação do pertencimento dele ao Brasil se constituem num dos principais suportes da construção social da identidade gaúcha”. (p. 62). Entendemos que a definição de uma regionalidade (dita gaúcha) não está em dissonância com o sentimento de pertencimento ao Brasil, e sim, apenas, com a declaração de que somos ao mesmo tempo diferentes, mas, como parte desse todo, temos muito de igual.

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