porsinal  
ArtigosCategoriasArtigos Científicos
Maria do Céu Gomes
Maria do Céu Gomes
Professora
A metacognição na surdez pré-linguística
0
Publicado em 2003
Monografia da Pós-Graduação em Educação Especial/ Surdez. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal
Maria do Céu Gomes
  Artigo disponível em versão PDF para utilizadores registados
Resumo

A surdez pré-linguística está associada a várias problemáticas, nomeadamente a que existe entre pensamento e linguagem e entre pensamento concreto e pensamento abstrato. Abordam-se, a este propósito, várias teorias de desenvolvimento cognitivo e o modo como se podem interpretar no contexto da surdez.

Analisam-se várias questões:
Será que na ausência de linguagem ou na posse de um sistema linguístico pouco estruturado, como é o caso dos sinais domésticos, os surdos não conseguem aceder a um pensamento abstrato? E o que é ter um pensamento abstrato? Será que não é redutor considerar a perceção apenas como uma forma de pensamento concreto? Que influências terá a ausência de linguagem no desenvolvimento cognitivo, social e psicológico dos surdos? E não existirão outros fatores a influenciar este desenvolvimento como a privação de informação, a falta de experiência em situações concretas, a superproteção dos pais e o facto de crescerem em ambientes restritivos? Constata-se, pelo estudo efetuado, que o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças surdas é influenciado por vários fatores, nomeadamente pelo tipo de mediação a que estas crianças são sujeitas desde o nascimento, porque como diz Vygotsky, o conhecimento do mundo não se faz de uma forma direta mas mediada, decorre da interação do adulto com a criança. Cabe aos pais, educadores e pessoas mais próximas, promover um pensamento reflexivo e desenvolver na criança competências metacognitivas. Por competências metacognitivas entende-se a capacidade de refletir sobre a própria cognição, ou simplesmente, a capacidade de planear uma determinada atividade, autorregulando o nosso comportamento de modo a atingir o fim desejado. O sujeito deve ser capaz de avaliar o seu desempenho durante o processo e refletir sobre o produto final. Neste sentido, o conceito de metacognição não se aplica apenas a um contexto de ensino-aprendizagem, mas também a qualquer situação do dia a dia. O problema central desta pesquisa é saber como é que a metacognição se processa e se desenvolve antes da aquisição de uma língua estruturada, ou seja, como é que a criança surda pré-linguística exerce controlo ou autorregula a sua atividade quando resolve um problema; como é que ela estabelece objetivos e atua de modo a atingi-los e, até que ponto, ela avalia esses processos continuamente. Pretende-se saber também o que é que pode, em certa medida, inviabilizar ou comprometer essa prática metacognitiva. O objetivo da investigação é, através dos testemunhos de surdos pré-linguísticos, encontrar pistas que nos permitam responder às questões atrás colocadas.

Para aceder ao artigo completo, descarregue o PDF.

Comentários